Conheça as esculturas ‘picassianas’ a partir do livro “Bez Batti, dialogando com Picasso”

“Se é verdade que Deus confiou aos artistas a tarefa de levar adiante a Criação, Bez Batti está entre os escolhidos para essa gloriosa missão”. Assim poetiza o escritor Jorge Adelar Finatto em seu texto “O Anjo do Basalto”, sobre o trabalho minucioso do maior escultor em pedra basalto da atualidade. Hoje, aos 82 anos, Bez Batti continua surpreendendo e encantando os apaixonados por arte.

Imagens: Valdir Ben.

Prova disso é sua mais nova coleção, inspirada nas obras de Pablo Picasso. São dezenas de esculturas únicas, que traduzem a essência das pinturas e desenhos de um dos mais renomados artistas do século XX – e ainda evidenciam a grande admiração de Bez Batti por Picasso. Foram dias e dias de muito estudo, criação, trabalho e, como sempre, amor à arte.

Com esta proposta, Bez Batti não apenas presta homenagem a Picasso, mas extrai da cultura universal inspiração para criar obras em rocha basáltica que, com sua originalidade e durabilidade, se perpetuarão por muitos e muitos anos.

As esculturas desta nova coleção foram apresentadas pela primeira vez à comunidade em outubro, na Casa da Cultura, em Caxias do Sul. A maioria das peculiares obras já pertence ao acervo de colecionadores de todo o país. E por isso, pensando em democratizar o acesso à coleção, foi criado o projeto “Bez Batti – Dialogando com Picasso”.

Trata-se de um livro de valor artístico cultural que traz fotografias ricas em detalhes de cada uma das esculturas da coleção, denominada carinhosamente por Bez Batti de ‘picassianas’. O livro, ainda, apresenta textos do poeta e ensaísta Armindo Trevisan, que faz uma análise construtiva das relações existentes entre as obras, o artista Picasso e o escultor Bez Batti, além de apresentar o texto reflexivo de Jorge Adelar Finatto. As fotografias são de Valdir Ben, que acompanha Bez Batti desde o primeiro livro publicado, em 1994.

O livro também assume uma importante função sociocultural: a de propiciar ao público o acesso ao conhecimento sobre a mais nova coleção do precursor da escultura em pedra basalto do Brasil e hoje, considerado o artista mais importante nesta atividade.

Segundo Armindo Trevisan: “No passado o Brasil teve a sorte de possuir um excepcional escultor de descendência afro-brasileira o Aleijadinho, considerado sua expressão mais alta em escultura. No presente, o país desfruta de outra sorte: a de contar com um ítalo-brasileiro como grande escultor, orgulho da Imigração Italiana do Rio Grande do Sul, que tem sido reconhecido como um de seus valores mais autênticos”.

O livro está à venda diretamente com o escultor Bez Batti, por meio dos telefones (54) 3455 6254 ou (54) 99967 9738. Ainda, a comunidade pode ter acesso à obra, para fins de pesquisa, na Biblioteca Pública de Bento Gonçalves.

Sobre Bez Batti

João Bez Batti Filho nasceu em 1940 em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. A família Bez Batti é originária da província de Belluno, região do Vêneto, norte da Itália. Dos diversos Bez daquela localidade, o ramo Batti recebeu este nome por ter dedicado várias de suas gerações ao ofício de trabalhar a pedra. De lá, seu pai João Bez Batti, juntamente com a família, imigrou para o Brasil em 1905. Sua mãe, Francisca Borchaidt tinha raízes luxemburguesas e germânicas. Foi dela a influência de João para se dedicar precocemente ao desenho.

Já em Venâncio Aires, o jovem Bez Batti olhava com curiosidade os seixos (rochas) às margens do rio Taquari, que se renovavam a cada cheia. Desde criança, as formas trabalhadas pela natureza o seduziram, motivando-o a colecionar as pedras mais vistosas.

Mais tarde, mesmo trabalhando desde jovem, Bez Batti estudou no Instituto Técnico de Desenho. Aos 18 anos, conheceu o desenhista e escultor Vasco Prado, de quem se tornou aluno e discípulo entre 1958 a 1963. Nas horas de folga de seu trabalho no Departamento de Correios e Telégrafos, dedicava-se ao desenho.

Ao se casar com Maria Schirley, mudou-se para Bento Gonçalves. Aqui conheceu o marceneiro Eduardo Gatto, que o orientou no trabalho com a madeira e no uso das ferramentas. Passou a produzir torsos e cabeças em nogueira, louro, canjerana e outras madeiras.

Após uma primeira exposição em Porto Alegre, em 1976, passou a se dedicar exclusivamente à escultura. Em pouco tempo, montou seu próprio ateliê.

Já em 1980, dedicou-se à pesquisa com diferentes materiais, como mármore, bronze e resinas, mas foram os seixos basálticos e as formas escultóricas do Rio das Antas que o fizeram buscar seu rumo próprio.

Ao longo dos anos 80, lecionou escultura na Universidade de Caxias do Sul, viajou à Europa para visitar museus e exposições e, desde 2003, reside e mantêm seu ateliê nos Caminhos de Pedra, Distrito de São Pedro, em Bento. Foram quatro livros lançados sobre suas obras entre 1994 e 2013, além de centenas de esculturas que encantaram e encantam colecionadores, amantes de arte e a comunidade em geral até os dias atuais.