Consulta? Só com saldo no celular

O Sistema Único de Saúde (SUS) é utilizado por quem teoricamente tem menos condições financeiras e por isso não pode pagar para ter um plano de saúde. Surpreendentemente, uma denúncia feita nesta semana para o SERRANOSSA trouxe à tona um problema que pode estar acontecendo em Bento Gonçalves: o agendamento de consulta por meio de ligações a cobrar. O caso aconteceu com uma jovem de 19 anos que esperava ligação da Unidade da Estratégia Saúde da Família (ESF) do bairro Conceição para informar consulta que teria na Unidade de Saúde da Zona Sul. “E se fosse um caso mais urgente e eu não tivesse saldo no celular?”, questiona.

A jovem relata que as ligações iniciaram no dia 13 de outubro e seguiram até o dia 19, data da consulta. Ao atender e perceber que se tratava de uma ligação a cobrar, ela desligava o telefone. Ela relata que tentou retornar as ligações para o número (54) 3451 7272, mas não foi atendida. Até então ela desconhecia que este era o número da ESF e por isso não deu tanta importância para as chamadas. O contato só aconteceu no dia da consulta, quando a ligação recebida não era a cobrar. Entretanto, por ter sido informada do horário da consulta com apenas meia hora de antecedência, não pôde comparecer. “Estou pensando em contratar um plano de saúde, pois depender da saúde pública é complicado“, comenta.

A jovem tem cópias do Protocolo de Agendamento da Consulta, onde constam anotações à mão da equipe da ESF com as tentativas de contatá-la que conferem com as datas e horários em que as ligações a cobrar foram feitas e não atendidas.

Secretaria estanha

A enfermeira responsável pela ESF do Conceição, Rose Zortea, estranha  a denúncia. “Qual seria a vantagem de ligar a cobrar para os pacientes?”, questiona. “Não é viável”, complementa. De acordo com ela, as ligações para celular só podem ser feitas na sala dela, que pessoalmente autoriza os telefonemas. Ela comenta ainda que em alguns casos algumas ligações chegam a ser feitas com seu celular particular. 

Rose lembra que recentemente foi descoberto um “gato” na linha telefônica da ESF. “Com isso a conta telefônica aumentou em R$ 1 mil”, lembra. Entretanto, mesmo que o problema tenha voltado, não justifica o fato de terem ligado a cobrar para os pacientes. “Vou pedir uma revisão na linha e tentar ter acesso à listagem das ligações feitas”, garante. Segundo ela, o dever de buscar informações sobre a consulta agendada é do próprio paciente. Entretanto, a unidade liga para os pacientes como uma “gentileza”.  

O secretário de Saúde, Ivanir José Zandoná, também estranhou o caso. “Não damos orientação para ligar a cobrar”, garante. Entretanto, ele prometeu que investigaria a questão. Até o fechamento desta edição, nenhum retorno foi dado por parte da Secretaria.

 

Carina Furlanetto

 

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