Contrariando rumores, enólogos explicam que vinho não é apropriado para eliminar Coronavírus

O rumor de que o vinho seria eficaz na prevenção à COVID-19, a doença causada pelo novo Coronavírus, tem se espalhado em diversos países do mundo. O motivo foi a afirmação da Federação Espanhola de Enologia, divulgada no dia 23 de março, de que “o consumo moderado de vinho, desde que levado a cabo de forma responsável, pode contribuir para uma melhor higiene da cavidade bucal e da faringe, onde é comum o vírus alojar-se numa eventual infecção”. Segundo a Federação, isso se dá pela “combinação simultânea de álcool, ambiente hipotônico e a presença de polifenóis”.

Diante do compartilhamento dessa informação, o enólogo Paulo Venturini, integrante da Associação das Vinícolas dos Altos Montes, fez um alerta sobre a necessidade de cautela na hora de interpretar o conteúdo. “O vinho higieniza muito bem a boca e a faringe, que estão entre os principais pontos de contaminação. No entanto, isso não pode ser confundido com poder de cura do Coronavírus, pois isso realmente não é possível”, confirma.


 

Venturini também alerta para o consumo consciente da bebida alcóolica. “O consumo de vinho deve ser moderado para ter um efeito interessante. Pois não adianta estar com a boca higienizada e acarretar diversos outros malefícios para o organismo”, complementa o enólogo. 

Para a presidente da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), Regina Vanderlinde, a afirmação é perigosa para ser disseminada. “O vinho é uma excelente bebida com muitos benefícios à saúde, comprovado ao longo dos anos, mas não é apropriado para eliminar este vírus. E não existe nenhum estudo que comprove isso. O álcool é um excelente antisséptico, mas na graduação de 70%, o que não é o caso do vinho. Então acho perigoso e inapropriado este tipo de notícia que me parece um golpe de marketing”, opina. 

Foto: Alfonso Scarpa/Unsplash
 

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