Copa 2014: Bento aposta na estrutura e divulgação

Bento Gonçalves pode não entrar na rota de cidades que serão Centro de Treinamento de Seleções (CTS) para a Copa do Mundo 2014, porém, tem feito o que está ao seu alcance para ser uma boa opção a qualquer que seja a seleção. Pelo menos é o que avalia o consultor da cidade para a Copa, Daniel Gamba (foto).

Ele esteve em Bento na última semana para encontros com lideranças políticas da cidade e atualização das ações junto à Comissão Temporária Especial para assuntos relacionados à Copa 2014.

Vice-presidente executivo da empresa de consultoria logística norte-americana Cartan Global, com forte influência junto às confederações continentais e à própria Fifa, Gamba considera que a preparação para ser um CTS deve estar concentrada em três frentes: relações públicas, estrutura e política. Dentro desse contexto, acredita que o trunfo de Bento, hoje, está nos dois primeiros.

Apesar da indefinição em torno das obras no Parque Esportivo Montanha dos Vinhedos, Gamba qualificou a estrutura da cidade como de “primeiro mundo, muito à frente das demais”. Quanto ao trabalho de relações públicas, que consiste basicamente em apresentar a cidade às seleções, explanou um cenário bastante otimista, com ampla divulgação e pareceres bem favoráveis de alguns países, entre eles a Rússia, que esteve na cidade por duas vezes, e o Uruguai, que recebeu um relatório do município através de dirigentes do Nacional, que chegou a treinar no Parque antes de um jogo festivo com o Juventude. “Eles ficaram encantados com a qualidade do hotel, do estádio, e voltaram falando muito bem”, conta Gamba, salientando que, no momento, o Uruguai não está em “posição de discutir a vinda ao município”, em virtude da indefinição quanto à classificação, porém, passou a ter boas referências da cidade. Também foram entregues pessoalmente convites às seleções participantes da Copa das Confederações e duas delas, Itália e México, responderam positivamente sobre o interesse em conhecer a cidade. “Além disso, Bento é a única candidata a CTS a participar de todas as edições da Soccerex no Brasil”, complementa o consultor.

Com relação à terceira parte da força-tarefa para ser CTS, que envolve política, a consultoria e o próprio município admitem que há cidades com mais influência que Bento, como Canoas e Caxias do Sul, por exemplo. Nos encontros com membros da comissão, chegou a ser discutida a possibilidade de “comprar” uma seleção, assim como fez Ribeirão Preto (SP) que, cogita-se, pagou cerca de R$ 1 milhão para ser a casa de aluguel da França. Entretanto, o secretário municipal de Esportes, Gustavo Sperotto, rechaçou a ideia. “Não trabalhamos com essa possibilidade”, enfatizou.

O Poder Público e a consultoria acreditam que as duas primeiras frentes podem compensar uma desvantagem em relação à influência política de outras cidades, mas mesmo que Bento, no final, não esteja entre as escolhidas, consideram que o legado já está assegurado. Além dos mais de R$ 2 milhões de investimentos no Parque, a divulgação da cidade pelo mundo também a colocou no primeiro grupo de potenciais candidatadas ao Mundial de Clubes Sub-17, em 2015, ao lado de Atlanta, nos Estados Unidos, e Montevidéu, no Uruguai. “Independente de uma seleção vir ou não, a exposição da marca de Bento é para sempre, seja turisticamente ou esportivamente, com a possibilidade da realização do Mundial Sub-17, por exemplo. Eventualmente a cidade vai colher resultados, seja no curto prazo ou mais tarde”, ressalta Gamba.

Sorte

Apesar de todas as apresentações da cidade às confederações, de nada adiantará os pareceres favoráveis se Bento também não tiver sorte no sorteio dos grupos, no dia 06 de dezembro, na Costa do Sauípe. Por mais que a seleção possa ter preferência pelo município, o local dos jogos que fará na primeira fase pode inviabilizar a aclimatação no local inicialmente escolhido. “Digamos que a Rússia, por exemplo, que esteve duas vezes em Bento, faça os três jogos da primeira fase em Manaus, Fortaleza e Salvador. Neste caso, não haveria a mínima chance de ela realizar a aclimatação no extremo sul do país”, explica Gamba. 

 

Reportagem: João Paulo Mileski


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.