Coronavírus: Itália cancela futebol e Carnaval e isola cidades após 7 mortes

A fim de tentar conter o avanço do surto do novo coronavírus do país, autoridades italianas decidiram encerrar dois dias mais cedo o Carnaval de Veneza e adiar jogos de futebol da divisão principal na região de Milão.

A Itália é o lugar com mais casos da doença na Europa: mais de 200 pessoas doentes e 7 mortas. Nos últimos dias, autoridades têm adotado diversas medidas, como quarentenas, em duas zonas "quentes" próximas a Milão e Veneza.
Cerca de 50 mil pessoas não podem entrar ou sair de diversas cidades nas regiões de Veneto e Lombardia nas próximas duas semanas, salvo com autorizações especiais.

Na fronteira com a Áustria, um trem oriundo de Veneza foi parado depois que dois passageiros apresentaram febre, um dos principais sintomas do novo coronavírus (rebatizado de Covid-19), junto a tosse e falta de ar.


 

Epicentro do surto, a China ainda concentra o maior número de diagnósticos confirmados, mas outros países começaram a registrar picos da doença e, por extensão, enfrentar dificuldades para contê-la.

A falta de conexão clara entre casos ao redor do mundo e a China ampliaram os temores da Organização Mundial da Saúde de uma eventual perda de controle do surto.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou no sábado, 22/02, a implementação de "medidas extraordinárias" para tentar conter o número crescente de casos de Covid-19.

Segundo ele, as quarentenas podem durar semanas.Tanto a polícia quanto as Forças Armadas têm autoridade para "garantir" que as medidas sejam respeitadas. Moradores foram orientados a só saírem de suas residências em caso de extrema necessidade.

Angelo Borrelli, chefe do departamento de proteção civil da Itália, afirmou a jornalistas que 110 dos casos confirmados no país se deram na região de Lombardia, cuja capital é Milão.

Uma idosa foi a terceira pessoa a morrer no país, no domingo (23/02). Segundo estudo feito sobre milhares de dados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China, mais de 80% dos casos são brandos, e grupos de risco envolvem pessoas com doenças pré-existentes e mais velhas — a mais alta taxa de mortalidade atinge quem tem 80 anos ou mais: 14,8%.

Sem conseguir identificar o "paciente zero" (a primeira pessoa infectada) no país ou monitorar a cadeia de transmissão da doença, autoridades italianas passaram a adotar medidas cada vez mais restritivas em duas províncias: Veneto e Lombardia.

"A partir desta noite, vamos paralisar o Carnaval e todos os eventos esportivos até 1º de março", afirmou o presidente regional de Veneto, Luca Zaia.

Diversos jogos de três divisões de futebol do país previstos para o fim de semana acabaram adiados. Há preocupações em torno de partidas de campeonatos europeus, que atraem milhares de torcedores estrangeiros.

Milão decidiu também suspender aulas em universidades e escolas. "Vou propor ao presidente de nossa região que estenda a medida para nossa região metropolitana inteira. É só uma preocupação, não queremos criar pânico", afirmou o prefeito milanês, Giuseppe Sala.

Desfiles de moda foram afetados também. O da Armani não teve presença da mídia ou de clientes, e o da Dolce & Gabbana ficou esvaziado, com algumas pessoas usando máscara.

Informações: Rede BBC