Corpo de jovem é encontrado em açude em São Gabriel e três policiais são presos

Na tarde de sexta-feira, 19/08, foi encontrado o corpo do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, que estava desaparecido há uma semana, em São Gabriel, após ter sido abordado por policiais militares e colocado dentro de viatura. O corpo foi achado pela Brigada Militar (BM) e Corpo de Bombeiros por volta das 16h30, em um açude, na localidade de Lava Pé, onde teria sido deixado pelos policiais que o abordaram. Foi nas proximidades deste açude que uma jaqueta de Gabriel havia sido encontrada na quarta-feira, 17/08. 

O corpo foi achado pela Brigada Militar (BM) e Corpo de Bombeiros por volta das 16h30. Divulgação/BM

O jovem estava em São Gabriel para cumprir o serviço militar obrigatório e tinha se mudado havia apenas 15 dias.  Ele foi abordado por policiais da Brigada Militar ao supostamente tentar entrar na casa de uma vizinha, que ligou para o 190. Depois disso, não foi mais visto. A viatura usada para transportar Gabriel teve o percurso registrado por GPS. A Brigada Militar confirmou que o veículo fez uma parada de um minuto e 50 segundos no local, que fica a dois quilômetros de onde Gabriel foi abordado. 

Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, estava desaparecido há uma semana.

Após o pedido de prisão preventiva feito à Justiça Militar, os três policiais militares suspeitos de envolvimento no desaparecimento foram presos. Segundo a Brigada Militar (BM), os mandados de prisão foram cumpridos pela Corregedoria-Geral da corporação, que também fez o recolhimento dos celulares, com acompanhamento de militares do 2⁰ Batalhão de Polícia de Choque de Santa Maria. Os militares ficarão, a partir de agora, recolhidos e à disposição da Justiça. O trio já estava afastado das funções desde terça-feira, 16/08. O nome dos PMs não foi divulgado.

A solicitação da prisão preventiva e de recolhimento dos aparelhos dos integrantes da guarnição havia sido protocolada na tarde desta sexta-feira, às 15h, junto à Auditoria da Justiça Militar de Santa Maria. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado ainda na segunda-feira (15), e apura os fatos e as circunstâncias do atendimento à ocorrência realizado pelos três policiais. Para a conclusão do IPM, foi estimado um prazo de 40 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 20. A BM afirmou que os PMs têm 16, 15 e seis anos de atuação policial. As armas dos policiais também foram recolhidas, na terça-feira. A viatura foi encaminhada para perícia, e o resultado ainda é aguardado.

“A Brigada Militar, ao longo de seus 184 anos, nunca deixou de ser transparente nos seus atos. Tão logo as investigações sejam concluídas, as informações serão trazidas a público. Em caso de comprovação do envolvimento dos militares, todas as medidas de responsabilização serão adotadas, sempre resguardando o direito à ampla defesa e ao contraditório”, disse a BM em nota. A corporação também avalia a possibilidade de substituir o comando da BM de São Gabriel.

Durante coletiva de imprensa, o secretário da Segurança Pública do Estado, Vanius Santarosa, afirmou que a pasta não concorda com abordagens que não sigam o padrão exigido pela corporação. “São 15 mil pessoas abordadas todos os dias pela BM. E esses 15 mil não apresentam problema. Esse é um caso pontual, mas, quando ocorrem, são apurados com o maior rigor da lei. A investigação vai avaliar o que aconteceu e, depois, se deve ser revisto o padrão de abordagem da BM. Iremos apurar o que  aconteceu nessa abordagem, temos o maior interesse em saber”, disse Santarosa.

O comandante-geral da BM, coronel Claudio dos Santos Feoli, também participou da coletiva e afirmou que a corporação emprega esforços para a elucidação do caso. “Nosso cotidiano é salvar vidas. Essa é nossa missão. Isso é passado desde o ingresso no curso de formação da Brigada Militar. Só que, por mais que façamos uma formação, temos aí um elemento humano, que não pode ser desconsiderado. E o elemento humano que não estiver de acordo com a conduta esperada deve ser desconsiderado”, pontuou Feoli.