Corregedoria indicia brigadianos no “Caso Fiorino”

O Inquérito Policial Militar (IPM), que investigava a morte de dois jovens após perseguição policial na madrugada de 16 de março, em Bento Gonçalves, indiciou quatro policiais – os dois que participaram da perseguição, um que agrediu um dos envolvidos e outro que não preservou a cena do crime para perícia. A ocorrência ficou conhecida como “Caso Fiorino”.

De acordo com a corregedoria-geral da corporação, a investigação paralela da Brigada Militar (BM), que nada tem a ver com o inquérito policial remetido à Justiça pela Polícia Civil, concluiu que houve excessos na ação policial. 

Os dois soldados que participaram da perseguição foram indiciados como responsáveis pelos tiros que mataram Anderson Stiburski, 16 anos, e Danúbio Cruz da Costa, 20, e responderão por homicídio simples. O IPM ainda responsabiliza outro soldado por lesão corporal contra o motorista da Fiorino, Tiago de Paula. O fato teria ocorrido após a perseguição, no local onde o carro foi encontrado, no bairro Fátima. Um sargento também foi indiciado por transgressão – ele não teria adotado medidas que preservassem a cena do crime para posterior análise pericial.

Segundo o inquérito, não ficou comprovado que Danúbio, Anderson, Tiago e o adolescente de 15 anos, que estavam na Fiorino, reagiram a tiros conforme os policiais alegam. A corregedoria diz que ainda que faltam perícias para determinar de qual arma partiram os disparos fatais contra os jovens,  mas garante que há indícios suficientes de excesso na abordagem.

O comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º Bpat), major José Paulo Marinho, diz que ainda não recebeu a notificação oficial acerca do indiciamento, mas informou que os brigadianos terão pleno direito a defesa na justiça militar. “Somente após todo o trâmite do processo será possível dizer se eles foram ou não culpados, por enquanto tudo é muito prematuro”, disse.

O IPM foi encaminhado na última quarta-feira, dia 11, para avaliação da Justiça Militar. Os quatro PMs também responderão a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que deverá avaliar a conduta de cada um e decidir sobre a permanência, ou não, dos quatro na corporação.


Inquérito civil

A investigação paralela feita pela Polícia Civil foi concluída no dia 30 de abril e remetida ao Ministério Público com indiciamento por homicídio com dolo eventual do motorista da Fiorino e dos dois brigadianos que atiraram contra o automóvel durante a perseguição.

Na época, o promotor de Justiça Criminal de Bento Gonçalves, Eduardo Lumertz, entendeu que a denúncia era prematura e solicitou que as investigações fossem aprofundadas. Ele pediu, entre outras demandas, a reinquirição de uma testemunha, o aguardo do resultado de depoimentos de pessoas que residem fora de Bento Gonçalves, o envio de provas periciais, e a obtenção de informações mais precisas sobre o possível duplo registro de uma arma de fogo que teria sido encontrada na Fiorino e estaria em poder dos jovens. O prazo ainda não encerrou.


Reportagem: Jonathan Zanotto

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