Corsan eleva quantidade de cloro na água para prevenir doença diarreica aguda
Apesar disso, companhia garante que qualidade da água continua “dentro dos padrões exigidos”. De setembro a outubro, Bento já registrou mais de 2.300 casos da doença
Em cerca de dois meses, Bento Gonçalves registrou 2.353 casos de doença diarreica aguda (DDA) – dados até 26/10 – e ainda se configura como um dos municípios em situação de surto no Estado. Diante do aumento repentino de ocorrências da doença, a comunidade tem ficado alerta quanto às possíveis fontes de contaminação. Entre elas, os alimentos e a água contaminada. Isso porque a principal via de transmissão do norovírus, mais relevante causador da doença, é a fecal-oral. De acordo com a infectologista do Hospital Tacchini Isabele Berti, muitas pessoas são assintomáticas e acabam transmitindo o vírus ao preparar alimentos e não higienizar corretamente as mãos ou o ambiente em que a comida está sendo preparada. Além disso, o norovírus é um vírus não envelopado e resistente a condições adversas, tanto no organismo humano (acidez do estômago) como no ambiente, o que pode levar à permanência na água, por exemplo.
Dessa forma, diversos boatos de que as infecções estariam sendo causadas pelo tratamento “ineficaz” da Corsan se espalharam pelas redes sociais. Para reafirmar a segurança da comunidade diante dos surtos de doença diarreica aguda, a Companhia Riograndense de Saneamento elevou a quantidade de cloro de 0,5 para 0,9 em todas as cidades atendidas, inclusive em Bento Gonçalves. “A qualidade da água distribuída continua dentro dos padrões exigidos e a alteração deverá passar ‘despercebida’ pela imensa maioria dos consumidores”, afirma o gerente da Corsan de Bento, Marciano Dal Pizzol. “Contudo, algumas pessoas mais sensíveis ao cloro, podem sentir leves irritações na pele. Friso que o padrão solicitado, ainda que mais alto que o utilizado normalmente, é bem abaixo do nível considerado máximo”, complementa.
Questionado se a população ainda pode se sentir segura ao consumir a água distribuída pela companhia diante do aumento de casos da diarreia aguda e da elevação dos níveis de cloro, Marciano afirma que ela é “confiável, amplamente testada e dentro do que as normas regem”.
Mesmo assim, em Corsan ressalta cuidados que a população deve manter na hora de consumir a água tratada: privilegiar a utilização de fontes de abastecimento seguros e comprovadamente desinfetados, como as Companhias de Saneamento, seguindo as recomendações dos órgãos de saúde; promover a limpeza periódica dos reservatórios internos, no mínimo uma vez ao ano, visando evitar acumulo e proliferação de agentes contaminantes; manter a assepsia dos utensílios domésticos de preferência com solução clorada; promover a higienização das mãos de forma adequada e frequente, com água e sabão; promover a higienização de alimentos a serem utilizados frescos (verduras, legumes, etc.); e em caso de utilização de água de fontes não seguras realizar a fervura desta antes de sua utilização por no mínimo 5 minutos.
Sobre o norovírus
A infectologista do Hospital Tacchini Isabele Berti explica que o norovírus é um dos principais causadores das viroses intestinais e, ao contrário do rotavírus (também causador de diarreia grave), não possui vacina como prevenção. Além disso, é mais conhecido por infectar adultos, ao contrário do rotavírus, que infecta mais crianças.
Nos sintomas mais graves da infecção, o norovírus pode causar desidratação profunda, devido aos sintomas de diarreias e vômitos. “Apesar de acometer mais adultos do que crianças, os pequenos são mais suscetíveis a desenvolverem casos mais graves. Então é preciso ter cuidado com a hidratação dessas pessoas”, alerta.
A infectologista explica que o aumento de casos pode estar associado às flexibilizações da pandemia do Coronavírus. “As medidas restritivas que observamos durante a pandemia fizeram com que os casos de norovírus também reduzissem. Agora, com uma maior flexibilização, vemos um aumento de casos”, relata.
Por fim, a médica reforça os cuidados para evitar o contágio, que incluem a higiene das mãos e dos alimentos, a ingestão de água tratada (preferencialmente filtrada ou fervida), além do distanciamento de pessoas contaminadas.