COVID-19: Quatro pacientes já estão sendo medicados com hidroxicloroquina no Tacchini
Nesta sexta-feira, 17/04, o Hospital Tacchini iniciou o terceiro estudo clínico para a testagem da eficácia de certos medicamentos contra o Coronavírus. Batizado de Coalizão COVID Brasil, o estudo está sendo coordenado pelo Hospital Albert Einstein, Sírio-Libanês, HCor, Hospital Moinhos de Vento e pela Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNET).
A iniciativa está dividida em três pesquisas diferentes. A Coalizão I avaliará se o tratamento com hidroxicloroquina é eficaz para melhorar o quadro respiratório de pacientes com menor gravidade, internados por infecção pelo novo Coronavírus. Também, será observado se a adição de azitromicina pode potencializar o efeito do remédio e se traz benefício adicional. Serão acompanhadas 630 pessoas neste estudo, englobando pacientes dos cerca de 60 hospitais participantes de todo o Brasil, além do Ministério da Saúde e do laboratório farmacêutico EMS.
Até o momento, o Tacchini já enquadrou quatro pessoas nessa primeira pesquisa, incluindo pacientes confirmados e suspeitos de Coronavírus. De acordo com a médica Roberta Pozza, diretora técnica do Hospital Tacchini, para um paciente ser enquadrado no estudo ele precisa estar internado e apresentar um quadro de síndrome gripal. “Em 48 horas são analisadas uma série de variáveis para definir a oportunidade de o paciente ser selecionado. Em seguida, ele ou um familiar são apresentados ao termo de consentimento, para decidir se querem ou não participar”, explica.
Além do Coalizão I, o Tacchini está participando do Coalizão II e III. O primeiro estudo envolverá casos mais graves, que necessitam de mais suporte respiratório. Nessa pesquisa, as pessoas receberão hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina. O objetivo será verificar possível efeito benéfico adicional, com potencial de melhorar os problemas respiratórios causados pelo vírus. Em torno de 440 pacientes participarão dessa etapa. Já o Coalizão III, que teve início nesta sexta-feira, analisará a efetividade do anti-inflamatório dexametasona para pessoas com insuficiência respiratória grave, que necessitam de suporte de ventilação mecânica para respirar. Nessa pesquisa, serão incluídos 284 casos em todo o Brasil.
Devido aos efeitos colaterais que podem ser apresentados pelas medicações, os pacientes passam por uma avaliação rigorosa, incluindo a realização de exames como o eletrocardiograma. “Eles estão sendo monitorados muito de perto. Qualquer indício ou evidência de qualquer efeito colateral que esse paciente possa vir a ter, ele vai ser sinalizado e pode ser discutida a interrupção e a saída do estudo por conta desse efeito”, afirma a médica. Com isso, Roberta ressalta a importância de evitar a automedicação em casa, principalmente por ainda não haver comprovação de que esses remédios realmente atuem numa melhora no quadro da COVID-19. “No caso da hidroxicloroquina, há o risco de o paciente sofrer uma parada cardíaca [em caso de automedicação]. Um paciente que está em casa não tem indicação de iniciar o tratamento. Esses estudos selecionados são apenas para pacientes que tiveram piora clínica”, complementa.
Ainda segundo a médica, os medicamentos já foram recebidos e estão na farmácia do Tacchini. A previsão é que o resultado final da pesquisa fique pronto em até 90 dias. Sobre o número total de pacientes que participarão no Tacchini, Roberta explica que não há como especificar. “Cada estudo recebe um desenho e um número máximo de pacientes. Neste momento, todos os pacientes que tiverem os critérios de inclusão para o estudo serão propostos [aos hospitais que estão coordenando a pesquisa]. Se num determinado momento se chegou ao total de pacientes possíveis, o centro coordenador do estudo entra em contato conosco e diz que pode parar de incluir pacientes”, comenta.
Fotos: Alexandre Brusa/Hospital Tacchini