Cresce ocorrência de golpes por WhatsApp em Bento

Os golpes on-line têm se propagado de forma muito mais recorrente em meio à pandemia do novo Coronavírus, quando mais pessoas estão utilizando a internet. De acordo com a Polícia Civil gaúcha, os mais recorrentes são o do “bilhete premiado”, do “auxílio emergencial” e da “clonagem do WhatsApp”. Somente em Bento Gonçalves, entre março e julho deste ano, foram registradas 312 ocorrências de estelionato na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). 

Uma das vítimas no município foi Fábio Alexandre da Luz, de 44 anos, que trabalha com transporte executivo. Segundo Fábio, uma grande rede de hotéis enviou uma mensagem pelo Instagram, questionando se ele gostaria de concorrer a uma diária. Com a reposta positiva, Fábio recebeu o link da suposta promoção e, ao clicar, teve automaticamente sua conta de WhatsApp hackeada. “Só depois fui ver que o hotel estava comunicando que sua conta também tinha sido hackeada e que criminosos estavam aplicando golpes”, relata.

Em questão de minutos, os criminosos começaram a mandar mensagens para familiares, amigos e clientes de Fábio. “Só percebi que tinha caído num golpe quando minha mulher me ligou, bem indignada, perguntando por que eu precisava de R$ 1.500. Falei que não tinha pedido este dinheiro e que não estava conseguindo acessar meu Whats”, descreve. Um amigo de Fábio chegou a depositar R$ 1.500 para os criminosos. “Na mensagem dizia que eu precisava depositar urgentemente para uma conta e que não estava conseguindo. A promessa era que eu devolveria no dia seguinte o dinheiro. Por sorte, meu amigo digitou a conta errada e o banco estornou o dinheiro”, relata. Por conta disso, Fábio teve que trocar seu número de celular. 


Fábio Alexandre da Luz, de 44 anos, foi uma das vítimas. Foto: Arquivo pessoal

Além de pessoas físicas, empresas estão sendo vítimas desse mesmo tipo de golpe. Um restaurante de Bento Gonçalves, por exemplo, teve sua conta do WhatsApp hackeada quando estava prestes a começar a oferecer atendimentos por delivery. A empresária Gabriele Dorneles conta que o criminoso chegou a entrar em contato com o restaurante solicitando o dinheiro para devolver o número. “Ele solicitou R$ 3 mil, disse que não paravam de chegar mensagens de clientes solicitando sushi e que só com aqueles pedidos já dava para pagar o valor. Foi bem cínico. A polícia nos orientou a não pagar, pois certamente ele pediria mais após o depósito”, relata. Gabriela conta que informou os clientes em todas as redes sociais do restaurante sobre o caso para tentar minimizar os prejuízos, mas também precisou trocar de número.

De acordo com o delegado substituto da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), Arthur Reguse, a maior parte desses golpes é aplicada após a exposição do código de segurança de acesso ao WhatsApp. “A vítima é induzida ao erro e acaba enviando o seu código de segurança para um terceiro. Através disso, ele consegue ter acesso indevidamente à conta”, afirma. 
Especificamente nesse caso, de acordo com a Polícia Civil, o falso colaborador de um site de vendas on-line informa que, para o anúncio ser validado, ele necessita de um código que chegará via SMS (mensagem de texto). Nesse instante, o criminoso tenta logar no WhatsApp com o número da outra pessoa, o que faz com que o aplicativo envie para a vítima uma mensagem com um código de verificação. Erroneamente, quando esse número – que é o código de segurança do aplicativo – chega ao celular da vítima, ela o passa para o criminoso, tornando possível ao fraudador concluir a clonagem.

Dessa forma, o delegado aconselha que as pessoas tenham cautela ao clicar em links suspeitos e que, em hipótese alguma, forneçam códigos ou senhas a terceiros.  “Também temos outra situação em que a pessoa fornece seu cartão bancário e sua senha para uma terceira pessoa que se diz representante do banco. Isso é inadmissível. O cartão é pessoal e intransferível, assim como a senha”, ressalta. 

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