Crise na prefeitura: Sem luz no fim do túnel

Os serviços públicos já foram afetados, as informações são escassas, a prefeitura diz que ainda não sabe a dimensão de seus próprios problemas e, enquanto isso, a população começa a dar sinais de insatisfação. A crise nas finanças de Bento Gonçalves vem avançando, mas, mesmo assim, na última semana, poucos esclarecimentos foram oferecidos sobre o futuro das contas do município, o fim da convulsão ou o cumprimento de responsabilidades com fornecedores. A única novidade revelada pela prefeitura sobre o caso nos últimos dias é a confirmação dos primeiros valores desviados da secretaria de Finanças: R$ 300 mil. O rombo pode ser muito maior, mas a informação oficial, de novo, é de que não se sabe.
O prefeito Roberto Lunelli (PT) concedeu nova entrevista coletiva para tratar do assunto, mas deu poucas informações aos jornalistas. De novidade, disse apenas que um relatório preliminar da situação das finanças do município confirma pagamentos irregulares de cerca de R$ 300 mil a empresas que existiriam somente para receber esses recursos. Na Câmara de Vereadores, porém, a procuradora-geral do município e secretária interina de Finanças, Simone Azevedo Dias, declarou que os desvios comprovados são de R$ 400 mil. Disse ainda não saber por que o prefeito falou em R$ 300 mil. Os valores desviados, no entanto, podem ser muito maiores. Dentro da própria secretaria de Finanças, fala-se que o rombo nas contas de Bento Gonçalves pode chegar à casa dos milhões.Os desvios já apurados ocorreriam por meio de compras efetuadas pela prefeitura com valores abaixo de R$ 8 mil, para que não fosse necessário abrir licitações e para que fosse possível escolher a empresa fornecedora. As suspeitas quanto aos desvios começaram após compras de peças para máquinas da secretaria municipal de Obras terem sido contestadas por uma servidora da pasta, que confirmou que a aquisição não era necessária e que as peças nunca passaram pela secretaria. As compras, na verdade, eram desvios de dinheiro. Não havia mercadoria.

Promotor concentra esforços

A crise na secretaria municipal de Finanças tem tido reflexos no trabalho do Ministério Público Estadual (MP) e em algumas ações referentes a outros casos em Bento Gonçalves. Segundo o promotor Alécio Silveira Nogueira, suas atenções estão voltadas para o caso da secretaria e seus desdobramentos e, assim, as investigações e ações sob sua responsabilidade poderão ficar pendentes até que seja possível dar continuidade a elas. Há casos que não devem ser afetados sob responsabilidade de outros promotores do MP em Bento Gonçalves. Algumas ações, segundo o promotor, dependem dos resultados da auditoria levada a cabo na pasta pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Uma delas é referente aos repasses da prefeitura para conselhos municipais. Outra investigação que já está pendente refere-se aos dois concursos públicos efetuados neste ano, que foram postos sob suspeita após supostas fraudes terem ocorrido em outros concursos organizados pelas mesmas empresas que trabalharam em Bento Gonçalves.

Improbidade administrativa

Na falta de explicações convincentes da prefeitura para a crise nas finanças municipais, Ministério Público Estadual (MP) e Tribunal de Contas do Estado (TCE) vêm investigando o que de fato aconteceu na secretaria de Finanças. Também não está descartada uma ação do MP contra o prefeito Lunelli por improbidade administrativa. Os próximos passos do MP quanto ao caso devem ser definidos em breve, segundo o promotor Alécio Silveira Nogueira. “O tamanho do nosso inquérito dependerá  do tamanho da auditoria na prefeitura”, afirma o promotor. “A coisa está muito séria.” Na segunda-feira, o procurador da República em Bento Gonçalves, Alexandre Schneider, informou ao SERRANOSSA que também está acompanhando as notícias sobre o caso, mas não confirmou que estaria abrindo investigação em virtude de supostos desvios de recursos federais na prefeitura

Reportagem: Eduardo Kopp

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