Curiosidade que atrapalha (muito)
Quem já presenciou ou passou próximo a um acidente de trânsito certamente já viu esta cena: carros danificados, pessoas machucadas, agentes ou policiais monitorando o fluxo de veículos, equipes de resgate tentando socorrer as vítimas e muitos, muitos curiosos. O que pode parecer inocente e normal é, na verdade, um problema que atrapalha o trabalho de quem tem como prioridade preservar a vida. E não importa se for um acidente leve ou uma tragédia: a curiosidade mórbida impera. A situação tem se agravado em função da tecnologia: além de atrapalharem o resgate, muitos ainda registram imagens com o celular e compartilham nas redes sociais, atraindo ainda mais gente para o local e expondo as vítimas. O que muitos não sabem é que parar o carro no acostamento para ver um acidente pode gerar uma infração de trânsito.
Em um acidente registrado no último final de semana na RSC-470, em Garibaldi, a curiosidade de quem passava pelo local tornou a liberação da pista mais demorada do que o normal. A colisão envolveu um Corsa e um Siena e aconteceu pouco depois das 17h. O trânsito ficou bastante lento por alguns minutos e logo após a chegada da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) foi liberado nos dois sentidos graças à existência de uma estrada de chão paralela à rodovia. Mais de uma hora depois, a lentidão continuava porque motoristas curiosos paravam seus carros na beira da estrada para observar o acidente ou reduziam a velocidade para fotografar a cena. Em uma estrada nas proximidades, de onde era possível ver o acidente de cima, curiosos se aglomeravam sobre pedras e alguns chegaram a ultrapassar o isolamento feito pela PRE. Ordens para acelerar eram dadas a todo momento pelos policiais, a maioria não cumprida, apesar da insistência.
“Perde-se muito tempo tentando afastar curiosos. A multidão que se forma em torno de um acidente de trânsito sempre atrapalha o trabalho da polícia. Muitos não respeitam a área de isolamento. O avanço das pessoas também pode atrapalhar o fluxo de trânsito e provocar outros acidentes. Quando nós isolamos uma área, é para preservar o local e também para evitar contratempos. Sem contar que precisamos garantir que o trânsito flua com segurança e rapidez”, diz o sargento Cláudio Antônio Rocha, do Grupo Rodoviário (GRv) de Bento Gonçalves.
A orientação para quem presenciar o acidente é permanecer no local somente se puder ajudar, até a chegada das equipes de socorro. “Quando o acidente é mais grave, apenas policiais e peritos podem ter acesso aos veículos e às possíveis vítimas. Precisamos delimitar o acesso das pessoas para segurança de todos”, explica.
Outra situação comum nesses casos são os motoristas que passam pelo local do acidente em baixa velocidade e, por distração, acabam provocando engavetamentos e atropelamentos. “Essa conduta, além de tumultuar o tráfego, dificulta a chegada das equipes de socorro. A aglomeração coloca duplamente em risco a vítima do acidente, pois a demora na agilidade do atendimento pode ser a diferença entre a vida e a morte”, comenta o sargento.
Providências técnicas
Quando um acidente ocorre, a primeira providência da polícia é verificar se há feridos e socorrê-los. Após, é feita a sinalização da via para evitar novos acidentes, seguida pela apuração técnica das causas através de desenhos e medições da pista e eventuais marcas de frenagem. A partir desta medição são tomadas as providências para liberação parcial ou total da pista, conforme o caso. Este processo costuma levar alguns minutos. O fluxo só é interrompido por completo quando não há outra possibilidade de desvio.
Vítima segue em estado grave
Segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Tacchini uma das vítimas de um acidente de trânsito ocorrido no quilômetro 221 da RSC-470, próximo ao trevo de acesso à linha Garibaldina, em Garibaldi, na tarde do último domingo, dia 13. A colisão vitimou três pessoas da mesma família. Milton Luis Hartmann, de 42 anos, conduzia o Corsa (placas de Bento Gonçalves) que invadiu a pista contrária por motivos desconhecidos. Também morreram no local a esposa dele, Janete Terezinha Ribeiro, de 40, e a filha do casal, Luana Ribeiro Hartmann, de 12. No outro veículo envolvido no acidente, um Siena com placas de Caxias do Sul, estavam um casal e uma criança, que foi encaminhada a atendimento médico por precaução e liberada em seguida. O homem teve ferimentos de menor gravidade e ficou em observação, mas a esposa dele, Adriana Maria Blauth, de 31 anos, precisou passar por cirurgias. Segundo o Hospital Tacchini, o estado de saúde da mulher ainda era considerado grave até o fechamento desta edição. A família pede que pessoas que possam doar sangue entrem em contato com o Tacchini ou com o Hemocentro Regional de Caxias do Sul.
De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, a colisão ocorreu depois que o condutor do Corsa, que seguia no sentido Garibaldi – Bento Gonçalves, perdeu o controle do veículo por motivos desconhecidos, caiu no acostamento e, em seguida, invadiu a pista na contramão bruscamente, atingindo o Siena que vinha no sentido contrário. Há marcas de pneu no asfalto próximo ao local onde os veículos pararam que confirmam essa tese, segundo os policiais rodoviários que atenderam a ocorrência. O tempo era bom no momento do acidente e não há descascamentos ou buracos naquele ponto da pista, somente um leve desnível entre o asfalto e a faixa de acostamento.
Capotamentono Centro
Horas antes da colisão fatal em Garibaldi, um acidente no centro de Bento Gonçalves deixou duas pessoas feridas. A colisão aconteceu por volta das 10h45, no entroncamento entre as ruas Saldanha Marinho e Barão do Rio Branco e envolveu um Honda/Civic, com placas de São Paulo, e um Fiat/Uno, com placas de Contagem (MG). Um mulher de 30 anos e uma criança de 2 anos foram conduzidas ao Hospital Tacchini com ferimentos leves. Segundo a Brigada Militar, a mulher ferida foi projetada para fora do carro após o impacto, já a criança estava presa na cadeirinha. A principal hipótese da polícia é que um dos veículos tenha ultrapassado o semáforo fechado, mas a tese só será confirmada após as investigações.
Orientação aos motoristas
Ao presenciar um acidente que ainda não foi socorrido, avise imediatamente a Polícia Rodoviária (telefone 198) e, se houver pessoas feridas, os Bombeiros (telefone 193). Tente repassar o máximo de informações possíveis sobre a quantidade de vítimas, mas não tente socorrê-las.
Sinalize o local de modo a evitar novos acidentes (ligue o pisca-alerta, coloque triângulo ou galhos na pista, por exemplo). Não pare o carro em um local que possa provocar novas colisões.
Com a chegada do socorro, permaneça no local somente se solicitado pelas autoridades policiais.
Em caso de presenciar acidentes que já estejam monitorados pela polícia, reduza a velocidade para evitar contratempos, mas só pare se for solicitado por um policial.
Jamais pare o carro no acostamento por curiosidade ou atravesse a pista a pé para chegar mais perto do acidente.
Em acidentes nas estradas, com frequência, motoristas trafegam pelo acostamento para tentar driblar os congestionamentos. O GRv alerta que essa conduta não deve ser utilizada em hipótese nenhuma. O tráfego nessas vias de fuga pode atrapalhar a chegada das ambulâncias.
A aglomeração de pessoas no local do acidente também pode atrapalhar quando houver remoção de objetos do local, desconfigurando a cena, o que dificulta o trabalho de investigação da polícia. Também há risco de explosão ou contato com estilhaços de ferragens, vidro ou sangue. Lembre-se: a imprudência dos curiosos dificulta o trabalho da polícia, atrasa a liberação do trânsito e pode resultar em novos acidentes!
Fonte: Batalhão Rodoviário da Brigada Militar
Reportagem: Greice Scotton e Jonathan Zanotto
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