Daer e prefeitura discutem construção de “área de escape” na ERS-431
Os acidentes registrados no km 9 da ERS-431, no distrito de Faria Lemos, em Bento Gonçalves, têm sido alvo de manifestações há anos. O trecho é considerado crítico para caminhões com cargas mais pesadas, já que muitos motoristas acabam ficando sem freio na descida do trecho, sentido Bento Gonçalves – São Valentim do Sul. Na última sexta-feira, 03/07, o motorista de uma carreta carregada de vinho, com placas do Paraná, foi mais uma vítima fatal. Ele acabou perdendo o controle da direção, invadiu a pista contrária e capotou próximo a um parreiral. Esse foi o 10ª acidente com morte registrado desde 2018 no trecho, de acordo com o levantamento feito pelo SERRANOSSA e de dados do 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (3º BRBM).
Foto: Eduarda Bucco
Após o último acidente, o profissional de transporte Robson Portaluppi foi mais um morador a se manifestar sobre os perigos do trecho. De acordo com ele, o número de acidentes no local aumentou devido à intensa fiscalização na BR-470, a qual proíbe o trânsito de caminhões acima de 45 toneladas. “A 470 tem uma fiscalização bem mais rígida que a estrada de Faria Lemos [ERS-431]”, analisa. Dessa forma, os caminhoneiros com cargas mais pesadas acabam optando pela ERS-431, muitos sem conhecimento dos perigos da rodovia.
Foto ilustrativa. Crédito: Reprodução/blogdocaminhoneiro.com
Recentemente, a sinalização no local foi intensificada pelo Departamento Autônomo de Estrada de Rodagem (Daer), a fim de evitar novos acidentes. Entretanto, na visão do profissional, a solução mais eficaz para o trecho seria a instalação de uma “caixa de desaceleração”, uma espécie de área de escape. “É uma caixa de brita na qual o caminhão pode desviar e perder a velocidade rapidamente”, explica. Segundo Portaluppi, esse espaço deveria ser construído ao lado direito da pista, para quem desce, condenando a terceira pista ou adquirindo uma área de terra às margens da rodovia.
Prefeitura ou Daer?
De acordo com o Daer, a prefeitura de Bento Gonçalves manifestou interesse na execução do projeto e já foi realizado um estudo que constatou a viabilidade da obra. “Agora, a prefeitura deve apresentar um projeto com o objetivo de viabilizar a implantação”, informa.
Entretanto, a prefeitura afirma que não possui suporte técnico para elaboração de um projeto desse tipo e que precisa que a manifestação de como essa área deve ser construída seja feita pelo Daer. “Ainda não existe projeto. O que existe é um pedido do município para que o Daer autorize uma intervenção no local. Mas faz um ano que não temos obtido qualquer decisão do órgão estadual. O município já se dispôs a utilizar recursos próprios para efetuar a intervenção. O que precisamos apenas é autorização e o projeto técnico que deve ser fornecido pelo Daer”, afirma o secretário de Governo, Carlos Quadros.