Defesa de Leandro Boldrini pede anulação de júri e alega imparcialidade de jurado

Boldrini foi condenado a mais de 31 anos de prisão por ser o responsável pela morte do filho Bernardo, de 11 anos, em 2014; o segundo julgamento de Boldrini foi realizado no final de março

Foto: TJRS

A defesa de Leandro Boldrini, condenado pela segunda vez por ser o responsável pela morte do filho Bernardo Boldrini, de 11 anos, em 2014, entrou com um pedido de anulação do julgamento na última sexta-feira, 14/04. A pena determinada em julgamento, no dia 23 de março, foi de 31 anos e 8 meses de reclusão. A defesa do médico alega que um dos jurados teria violado o princípio da imparcialidade ao fazer publicações nas redes sociais declarando predisposição a condenar o réu. 

Segundo os advogados Ezequiel Vetoretti, Rodrigo Grecellé Vares e Eduardo Vetoretti, que representam Boldrini, em uma das publicações analisadas, o jurado teria se manifestado pela condenação do réu mesmo sem a existência de provas e, em outra, teria pedido o linchamento do médico, que segue preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

Os advogados alegam que diversas outras publicações demonstrariam que o jurado não seria imparcial e deveria ter sido barrado do júri, assim como outros foram. “Leandro Boldrini foi condenado por apertadíssima maioria, sendo que esse jurado, antes mesmo de iniciar o julgamento, possuía prévia disposição para condená-lo. A atitude do jurado não violou apenas o constitucional direito do réu de ser julgado por um juízo imparcial, núcleo fundante do devido processo legal. A atitude do jurado colocou em xeque a própria instituição do Tribunal do Júri, o que, com a máxima vênia, representa um atentado contra a Justiça Brasileira”, escreveram os advogados em nota. 

O Tribunal de Justiça do Estado (TJRS) informou que recebeu a solicitação e que a juíza Sucilene Engler Audino vai dar vista ao Ministério Público (MP) para, então, analisar o pedido. 

O MP se manifestou por meio de nota informando que “a questão não foi arguida no momento oportuno pela defesa do réu, o que, no entendimento do Ministério Público do Rio Grande do Sul, faz com que o pedido de anulação do júri não se justifique”.” O órgão acrescenta que “irá se manifestar nos autos quando for intimado.”

Relembre o caso

Bernardo Boldrini tinha 11 anos quando desapareceu, em Três Passos, no dia 04/04/14. Seu corpo foi encontrado dez dias depois, enterrado em uma cova vertical em uma propriedade às margens do rio Mico, na cidade vizinha, Frederico Westphalen.

No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança, Graciele Ugulini, foram presos, suspeitos, respectivamente, de serem o mentor intelectual e a executora do crime, com a ajuda da amiga dela, Edelvania Wirganovicz. Dias depois, Evandro Wirganovicz foi preso, suspeito de ser a pessoa que preparou a cova onde o menino foi enterrado.

Primeiro júri e anulação

Em 2019, Leandro foi condenado a 33 anos e 8 meses de prisão (30 anos e 8 meses por homicídio, 2 anos por ocultação de cadáver e 1 ano por falsidade ideológica).

Também foram condenados: Graciele Ugulini (34 anos e 7 meses de reclusão), Edelvania Wirganovicz (22 anos e 10 meses) e Evandro Wirganovicz (9 anos e 6 meses).

No final de 2021, a 1ª Câmara Criminal do TJRS considerou que houve quebra da paridade de armas durante o interrogatório do médico, anulando o seu julgamento.

Situação atual dos réus

O réu Leandro Boldrini está preso preventivamente desde 14/04/2014. Graciele Ugulini segue presa e tem previsão para progressão de regime para o semiaberto em 09/07/2026. Edelvania Wirganovicz está atualmente em regime semiaberto. E Evandro Wirganovicz está em regime semiaberto, atualmente em livramento condicional.

*Com informações de GZH