Após a assinatura do documento que transfere a tutela da RSC-470 do Estado para a União, a expectativa agora é pela publicação da oficialização no Diário Oficial. Porém, ainda resta a definição de quando e como será feita a mudança no policiamento rodoviário, que será assumido por patrulheiros federais. Nenhuma das instituições envolvidas fala de forma concreta sobre o futuro – o assunto ainda é tratado no campo das especulações.
A única informação concreta repassada à imprensa vem da secretaria municipal de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana. De acordo com o secretário Mauro Moro, está confirmada a cessão de uso de um prédio desocupado na ERS-444, no Vale dos Vinhedos, próximo à escola Lóris Antônio Pasquali Reali. O local foi originalmente construído para funcionar como Unidade Básica de Saúde (UBS) – no formato “de lata” –, mas hoje está vago. “Estamos neste momento juntando material para formalizar o contrato de cessão da área junto ao Governo do Estado”, detalha Moro.
Segundo o capitão Evandro Flores, comandante da 1ª Companhia do 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (3º BRBM), a intenção é que, além do Grupo Rodoviário, toda a 1ª Companhia seja instalada no Vale dos Vinhedos. “Ainda não temos informações oficiais, mas existe também a possibilidade do próprio batalhão permanecer na cidade”, revela. A hipótese mais provável, contudo, é que o 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (3º BRBM) tenha mesmo como destino o município de Farroupilha, onde deverá ser instalado na estrutura do antigo pedágio.
Flores garante ainda que a estrutura oferecida no Vale é suficiente para abrigar os patrulheiros em atividade no município. “O local precisa de algumas reformas. Precisamos de água, luz e internet. Mas, com certeza, atende às necessidades”, diz o oficial.
Vale dos Vinhedos
A expectativa do deslocamento dos policiais rodoviários para a ERS-444 também é sentida por moradores e empresários do Vale dos Vinhedos. Segundo o presidente da Associação de Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Márcio Brandelli, a mudança é vista como benéfica para a localidade. “A vinda da Polícia Rodoviária Estadual para o Vale é aprovada por unanimidade”, assegura.
Segundo o presidente, a sensação de segurança é o principal ponto a ser observado. “Queremos uma parceria entre os policiais e a comunidade. O Vale dos Vinhedos só tende a ganhar trazendo, de fato, mais segurança para a comunidade”, complementa.
Brandelli alerta, porém, sobre a principal atividade econômica do Vale dos Vinhedos, o enoturismo. “Queremos trabalhar com o bom senso. Acredito que não irá mudar nada para o turismo da região. O nosso principal produto é o vinho e o espumante. Certamente, o patrulhamento irá fazer seu trabalho de fiscalização, mas seria injusto o uso bafômetro em picos de circulação do turista”, exemplifica.
Para o presidente, a ideia é que a parceria funcione da mesma forma como ocorre em Gramado e Canela. “Lá, geralmente, as fiscalizações com bafômetro ocorrem no final da noite, porque o turista não circula fora do horário de funcionamento dos estabelecimentos. São raros casos de acidentes graves com turistas na cidade”, analisa. Brandelli lembra, entretanto, que os moradores e trabalhadores da região deverão se adequar à legislação de trânsito. “Aqueles que circulam com veículos sem pisca-alerta, problemas nas placas e qualquer outro item que contrarie as leis do país deverão se regularizar, pois, a fiscalização também estará atenta a essas questões”, conclui.
PRF ainda não tem cronograma
De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ainda não há um cronograma para instalação de um posto policial em Bento Gonçalves. Segundo a PRF, somente após a oficialização no Diário Oficial como BR-470 é que será traçado um plano de fiscalização para o município. Quando ocorrer a publicação, deverá ser realizada uma reunião entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) e PRF para definir como será feita a ocupação de toda a estrutura. No momento, a única movimentação sobre a transição é quanto à confecção do inventário, no qual serão documentados todos os bens do Estado que deverão ser repassados à União.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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