Deputada estadual Luciana Genro propõem medalha do Mérito Farroupilha ao cantor Seu Jorge

O requerimento deverá ser apreciado na próxima reunião da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, no dia 1º de novembro

Reprodução Internet

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) está propondo a concessão da medalha do Mérito Farroupilha ao cantor Seu Jorge, alvo de racismo em um show realizado em um clube de Porto Alegre no dia 14 de outubro. O requerimento deverá ser apreciado na próxima reunião da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, no dia 1º de novembro.

“O Rio Grande do Sul precisa dar uma reposta firme e forte ao racismo sofrido por Seu Jorge, que é uma expressão do que vive o povo negro todos os dias em nosso estado e no país. A medalha vem no sentido de levar este reconhecimento ao trabalho do Seu Jorge e todo nosso apoio para fortalecer a luta antirracista”, disse Luciana Genro.

A medalha do Mérito Farroupilha é a mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa. Cada parlamentar tem direito a oferecer apenas uma durante os quatro anos de legislatura. Luciana Genro, que ainda não havia concedido a sua medalha, agora submete o pedido à Mesa Diretora, que precisa aprovar por maioria a proposta. “Tenho certeza que a Assembleia Legislativa dará esse importante passo e fará deste ato um momento de solidariedade e fortalecimento da luta antirracista”, conclui a deputada.

O caso

Conforme relato do público presente, o crime teria ocorrido quando o cantor e a banda saíram do palco e retornariam para o bis. “Começaram a gritar ‘mais um, mais um’, mas, logo em seguida, alguns sons de ‘uh, uh’. Primeiro, eu pensei que estavam vaiando. E já parecia estranho pra mim uma pessoa num show começar a vaiar. Depois, eu vi que eram movimentos de macaco. Cheguei a ouvir ‘negro vagabundo, vagabundo’ e, depois, pessoas gritando ‘mito, mito'”, disse uma pessoa que estava no evento e prefere não ser identificada.

O show transcorreu tranquilamente. A testemunha afirma que público era de cerca de 800 pessoas e estava animado. “Ele não fez nada de diferente, já fui em alguns shows dele. Ele declamou uma música do Racionais MC, que chama ‘nego drama’, fazendo alusão à questão racial. Em um determinado momento, chamou um menino que toca cavaquinho, apresentou ele, disse que tinha 15 anos, falou que era um talento e, nesse momento, falou sobre a maioridade penal, quis dizer que a questão não é prender mais cedo ou mais tarde, e sim dar condições para esses jovens”, relatou.

Ela disse que o momento foi incrível e todos aplaudiram. Em seguida, teria havido o episódio de racismo. Com a manifestação, o cantor voltou ao palco apenas para agradecer e falou sobre amor.

A delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância de Porto Alegre e responsável por investigar o caso, conta que é possível ouvir, em imagens divulgadas por testemunhas, o momento em que alguém grita “macaco” e o instante em que pessoas começam a imitar o animal.

O Grêmio Náutico União, clube em que o caso teria acontecido, divulgou nota oficial:

O Clube ressalta que está colaborando com as investigações relativas à possibilidade de ocorrência de racismo durante apresentação do cantor Seu Jorge, realizada em suas dependências em 14 de outubro.

É de total interesse do Grêmio Náutico União a transparente apuração dos fatos. Na eventualidade de comprovação de crime, defendemos a punição dos envolvidos na forma da lei.

Reafirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação.