Deputados querem explicações sobre campanha que liga trabalho escravo a Serra Gaúcha
A cobrança por uma atitude do Legislativo estadual partiu do deputado Guilherme Pasin
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) deverá encaminhar um ofício à Infraero solicitando esclarecimentos sobre a veiculação da peça publicitária “PROJETO LIBERDADE NO AR – EPISÓDIO ‘LAVOURA’”, produzida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A cobrança por uma atitude do Legislativo estadual partiu do deputado Guilherme Pasin (Progressistas), durante reunião de líderes de bancada, exigindo providências imediatas sobre o ocorrido.
De acordo com o deputado, a campanha está sendo exibida em aeroportos como Congonhas e Guarulhos (ambos em São Paulo) e apresentaria uma visão distorcida da realidade do trabalho na safra de uva no Rio Grande do Sul, “manchando a imagem de milhares de famílias gaúchas”.
Pasin destacou que a campanha, ao abordar um caso isolado de trabalho análogo à escravidão na colheita de uvas em Bento Gonçalves, generaliza a situação, atingindo a honra e a dignidade de todos os trabalhadores rurais do Estado. “Esse material é um ataque frontal àqueles que dedicam seu suor ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, afirmou o deputado.
No vídeo aparece a reprodução de uma família que recebe uma proposta de trabalho, mas quando o trabalhador chega ao Sul do país, acaba submetido a trabalho análogo à escravidão.
No caso de Bento Gonçalves, ocorrido em fevereiro de 2023, mais de 200 trabalhadores, sendo a maioria oriunda da Bahia, foram resgatados de situação análoga à escravidão em uma pousada administrada pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA. Os trabalhadores eram contratados de forma terceirizada para trabalhar na safra da uva (entre janeiro e março) e recebiam promessas de boas condições de trabalho e salários atrativos.
O mesmo vídeo denunciado pelo parlamentar já havia criado polêmica em fevereiro deste ano, quando foi avistado também em um aeroporto e amplamente compartilhado nas redes sociais. Na época, o MPT privou o vídeo no YouTube.