Desafio é conciliar densidade e qualidade de vida
Cada vez mais distante do grande crescimento populacional que enfrentou nas últimas décadas, Bento Gonçalves deve encarar um desafio diferente de agora em diante. Com um aumento no número de habitantes que fica pouco acima de 1% ao ano, o foco tende a se voltar nos próximos anos para ações que garantam melhora na qualidade de vida, tendo como meta o equilíbrio entre o número de habitantes e os serviços oferecidos às comunidades.
Para o subcoordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), André Melati, esse é justamente o momento em que municípios como Bento devem começar a repensar o planejamento urbano. “O crescimento populacional tem sido cada vez menor, vem se estabilizando nos últimos anos. Agora, estamos chegando ao ponto de melhorar o que já temos aqui dentro”, explica o professor.
Melati abordou o assunto na 5ª Conferência Municipal da Cidade, realizada na última quarta-feira, 15. Durante a apresentação, ele destacou que cada parte do território bento-gonçalvense pode ser pensada de forma individual no que se refere a aumentos nas taxas de densidade demográfica, contanto que se considerem as consequências globais dessas ações. “Quando são instalados esses condomínios maiores, para 300 ou 400 famílias, na borda da zona urbana, cria-se uma grande necessidade de deslocamento. E isso gera um custo maior para os cofres públicos. Entendo que o melhor seria, sempre que possível, diluir essa densificação ao longo de outras áreas”, argumenta.
Raio-X local
Um dado levantado pelo pesquisador foi a redução na quantidade de moradores por domicílio urbano verificada entre 2000 e 2010. No período destacado, o índice caiu de 3,25 para 2,86, especialmente pelas facilidades de crédito que permitiram que mais pessoas tivessem acesso à moradia própria.
Outro aspecto ressaltado por Melati é o crescimento da mancha urbana, que indica as zonas ocupadas dentro da cidade: entre 2007 e 2012 não houve expansão significativa, passando de 3.004 para 3.111 hectares. Essa limitação se dá, principalmente, por barreiras topográficas. Nesse contexto, a densidade demográfica bruta (que considera áreas industriais, por exemplo) fica em pouco menos de 32 habitantes por hectare.
Mesmo assim, ele não trata como crítica a situação de Bento, e afirma que, com cautela, ainda há possibilidade de avanços. “O limite sempre será a qualidade de vida. O que precisamos entender é que crescimento e desenvolvimento não são a mesma coisa. Podemos ter desenvolvimento sem, necessariamente, ter mais crescimento. ”, conclui o professor.
Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.
Siga o SERRANOSSA!
Twitter: @SERRANOSSA
Facebook: Grupo SERRANOSSA
O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.