Dia do Colono: a reinvenção como ferramenta para driblar a crise no campo

Neste sábado, 25/07, é celebrado o Dia do Colono em todo o Brasil. Diante dos acontecimentos registrados no primeiro semestre, este ano tem sido atípico para os moradores do interior, os quais sobrevivem quase que exclusivamente de suas plantações. A seca enfrentada entre os meses de dezembro e abril em todo o Rio Grande do Sul castigou as produções de agricultores em diversas regiões do Estado. Na Serra Gaúcha, colonos chegaram a registrar perdas médias de 35% em seus cultivos, como é o caso do produtor Roberto Parisotto, morador da Linha Ferri, no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves.  “O agricultor depende do tempo e nós começamos o ano com uma seca severa, o que provocou perdas na produção da uva e demais plantações”, relata.

Além das questões climáticas, Parisotto precisou lidar com outro problema recorrente entre os agricultores nesse primeiro semestre em Bento Gonçalves: a instabilidade na realização das feiras. Por conta da pandemia do novo Coronavírus, a prefeitura paralisou as feiras ao ar livre por 60 dias, prejudicando o escoamento de diversos produtores locais. Meses depois, a classificação da bandeira vermelha no modelo de distanciamento controlado levou o Poder Público a uma nova medida emergencial em relação a esses eventos: o revezamento dos feirantes. “Sempre participamos da Feira Livre do Produtor Rural, aos sábados. Participamos da última, agora não sabemos se teremos que ficar em casa neste sábado. Então a gente vive uma situação que não sabe o que vai acontecer amanhã”, desabafa o agricultor.

Em meio a um cenário de instabilidade, Parisotto precisou se reinventar. Ele e sua família retomaram sua agroindústria familiar, a partir da produção e venda de massas, risoles, panquecas, capeletti, biscoitos, pães e outras delícias feitas pela esposa dele. “Nós já tínhamos iniciado com a agroindústria há algum tempo, mas precisamos parar por problemas pessoais. Agora, com toda essa crise, essa foi a solução para conseguirmos um rendimento extra”, relata. 


Apostar em produtos da agroindústria familiar foi a solução encontrada pela família para driblar as dificuldades climáticas e financeiras enfrentadas desde o início do ano

Mais que retomar um negócio antigo, a família inovou ao implantar o uso das redes sociais para fomentar as vendas. “Criamos um perfil no Facebook chamado “Agrofami Parisotto”, onde mostramos nossos produtos e damos dicas de receitas. Também começamos a fazer tele-entrega, por meio dos pedidos que chegam via Facebook e WhatsApp. Levamos o produto fresquinho no sábado pela manhã. Chega tudo separadinho, embalado e com o aval de uma nutricionista”, garante Parisotto. 

Com um prejuízo significativo nos parreirais e demais culturas que cultiva, como pêssego, melão, pepino e vagem, o agricultor afirma que a agroindústria tem sido o pilar financeiro da família. “Antes tinha a seca, agora o excesso de chuva. Então o que está segurando as pontas é a nossa agroindústria. E nós vamos nos reinventando a cada novo desafio. Esse é o perfil do colono, nunca desistir”, finaliza. 


Roberto, a esposa, Sirla, e os filhos, Thaís e Wesley.

Fotos: Arquivo pessoal

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