Dia dos Namorados: amor sem preconceito

Este será o segundo ano em que Akristian Morretti, 24 anos, e Laise Homem, 22, a “Gai”, como é carinhosamente chamada, irão comemorar o Dia dos Namorados. Juntas há 18 meses, 14 dos quais morando no mesmo apartamento, desde o ano passado elas vivem em união estável registrada em tabelionato. No último mês de maio, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que obriga os cartórios de todo o país a registrarem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A medida entusiasmou o casal, que pretende em breve realizar a cerimônia no civil e, no futuro, ter um filho. 

Akristian trabalhou e estudou em Bento Gonçalves. Há um ano, vive em Caxias do Sul, onde atua como professora de Educação Física. Gai é promotora de uma boate caxiense. Elas contam que, no começo, as famílias não aceitavam o relacionamento e havia dificuldade de entenderem o amor que uma sentia pela outra. “Hoje nós duas temos apoio dos nossos familiares, inclusive eles frequentam nossa casa. Os meus não só respeitam, mas nos apoiam e até bajulam a Gai”, diverte-se Akristian. A companheira conta que ainda enfrenta um pouco de resistência por alguns membros da família. “A minha avó paterna e uma pequena parte da família do meu pai, que frequenta a igreja evangélica, não aceita de jeito nenhum. Mas quando acontecem encontros, sempre tratam a Kris com respeito. Os outros a adoram”, revela.

No ano passado, elas resolveram oficializar o relacionamento através do registro de união estável. “Na época, decidimos pela opção mais fácil, pois para casarmos legalmente era necessário entrar com um pedido na Justiça, o que envolve muita burocracia e costuma demorar bastante. Por isso optamos pela união estável, que podia ser feita diretamente no cartório. Foi uma escolha conjunta. A união estável nos oferecia alguns direitos como casal, como compartilhar plano de saúde e bens”, esclarece Akristian. O próximo passo é realizar o casamento no civil. “Um casal em união estável ainda tem o estado civil como solteiro, por exemplo. Em breve seremos oficialmente casadas, com os mesmos direitos de um casal heterossexual”, comemora Gai.

Para o futuro, os planos incluem um filho. “Temos muita coisa pela frente ainda, vamos dando um passo de cada vez. Somos felizes e nos amamos. Isso é o que importa agora”, enaltecem. 

Preconceito

Apesar das ações para coibir o preconceito e aceitar as diferenças, Akristian e Gai lamentam a intolerância sexual. “Meus pais eram evangélicos, cresci dentro da igreja e sofri muito preconceito. Primeiro de mim mesma, por não me aceitar e sofrer bastante por isso. Depois que entendi que não era uma questão de escolha e, enfim, me aceitei e me assumi, as pessoas me julgaram, condenaram e a maioria até se afastou”, relembra Gai. Ela conta que aprendeu a lidar com essas atitudes. “Foi também por causa do meu trabalho. Hoje não tenho problema nenhum com a minha sexualidade, bem pelo contrário. Não ligo para o que as pessoas pensam ou deixam de pensar, algumas não sabem a diferença entre aceitar e respeitar. Quem não quiser aceitar, não precisa. Mas é preciso respeitar”, enfatiza. Akristian conta que até chegou a perder um emprego, no ano passado, após descobrirem sobre sua sexualidade. Com o tempo, elas aprenderam a não dar importância aos comentários maldosos e seguirem com suas vidas. Acreditando que o amor e a felicidade podem ser conquistados por qualquer pessoa, independente do credo, da raça ou da opção sexual.


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