Diante de surto na penitenciária de Bento, comissão carcerária cobra informações sobre vacinação de apenados
O sistema carcerário do Rio Grande do Sul vive mais um momento de surtos do Coronavírus. Conforme dados do boletim diário da COVID-19 no sistema prisional, elaborado pela Secretaria da Administração Penitenciária (SEAPEN) e pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE), atualmente há 150 casos ativos em diferentes presídios do estado – cinco deles na Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves – e 82 suspeitos. Os dados são relativos a domingo, 21/03. De acordo com informações da Comissão Intersetorial Carcerária de Bento, a casa prisional do município chegou a ter 13 casos confirmados nos últimos dias.
Diante dessa situação, a presidente da comissão, Lisiane Pires, pede agilidade da secretaria da Saúde em vacinar os apenados pertencentes aos grupos prioritários que já estão sendo vacinados em Bento. “Desde o dia 05/03 está autorizada a vacinação dos mesmos grupos de risco de fora, dentro das penitenciárias. Se estão vacinando de 74 para cima, quilombolas, indígenas… essas pessoas também tem que ser contempladas dentro do sistema carcerário”, afirma.
Entretanto, Lisiane ressalta que o surto na penitenciária de Bento teve início depois da autorização da vacinação desses grupos em presídios – conquistada por meio de um pedido da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE/RS). “Então, na verdade, o município poderia ter se atentado e vacinado antes. Já diminuiria até mesmo essa questão do surto”, analisa Lisiane, que também faz parte da coordenação da Frente dos Coletivos Carcerários do RS. “Agora, eles só conseguirão entrar para vacinar depois que passar o surto, 15 dias depois de terminar o último caso confirmado”, comenta.
De acordo com a secretária de Saúde, Tatiane Fiorio, a prefeitura já está ciente sobre o surto na penitenciária desde os primeiros casos sintomáticos. “Quando surgiram os primeiros casos de apenados com sintomas nós encaminhamos equipes para testagem dessas pessoas e médicos para fazerem o monitoramento e acompanhamento”, afirma.
A secretária explica que a população privada de liberdade está elencada como um grupo prioritário na campanha nacional de vacinação, atrás dos profissionais da saúde, idosos e indígenas – grupos que já foram e/ou estão sendo vacinados – e dos trabalhadores da educação, pessoas com deficiência permanente e severa, forças de salvamento e segurança. “Depois entram os funcionários de penitenciárias e, na sequência, a população privada de liberdade”, cita.
Em relação aos presos pertencentes aos grupos de risco já contemplados em Bento, a secretária afirma que já foi solicitado à Secretaria de Segurança um levantamento das pessoas acima de 60 anos, “para que a gente possa fazer essa vacinação nos grupos que estamos fazendo agora”, pontua.