Direitos da mulher ganham reforço
No segundo semestre deste ano, Bento Gonçalves ganhará um importante reforço na prevenção e repreensão à violência doméstica. Além do trabalho que já vem sendo realizado pela Coordenadoria da Mulher, em conjunto com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), o município receberá uma unidade da Patrulha Maria da Penha. A informação foi divulgada pela assessora da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, Anita Kieling, durante reunião de trabalho do Observatório da Violência Contra a Mulher realizada na manhã da última sexta-feira, dia 4, no Salão Nobre da Prefeitura.
A aquisição dos equipamentos e da viatura que serão utilizados no projeto já está em fase de licitação por parte do governo do Estado. Bento Gonçalves faz parte de um pacote de mais de 20 cidades que receberão equipamentos especiais para implantação da guarnição.
Durante a reunião de trabalho, foram apresentados os principais índices de violência contra a mulher no Estado. Na comparação entre os anos de 2012 e 2013, os dados apontam para uma redução dos índices. Foram 92 mulheres mortas no ano passado contra 102 em 2012, o que representa queda de quase 10%. Os estupros diminuíram 12,7%, com 1.331 casos em 2012 e 1.162 em 2013. Os resultados foram divulgados pelo chefe da divisão de estatística e coordenador do Observatório da Violência contra a Mulher da SSP, major Luis Fernando de Oliveira Linch.
A rede de enfrentamento à violência contra as mulheres tem por finalidade atuar de forma articulada entre as instituições (Polícia Civil – Deam, Brigada Militar – Patrulha Maria da Penha, IGP – Sala Lilás e SSP) visando o desenvolvimento de estratégias efetivas de prevenção. Cabe ainda a essa ação a responsabilização dos agressores e a assistência qualificada às mulheres em situação de violência.
Em Bento
Durante a reunião, a delegada Isabel Pires Trevisan, titular da Deam, fez uma apresentação dos trabalhos realizados na cidade. Ela também alertou que o perigo pode estar dentro de casa. “Cerca de 70% dos crimes contra as mulheres são cometidos por companheiros e ex-companheiros. Outro dado alarmante é que a maioria das vítimas de estupros em Bento Gonçalves são meninas e crianças. Esses crimes, quase que em sua totalidade, ocorrem dentro das casas das vítimas”, alertou.
A titular da Deam detalhou ainda os projetos que são desenvolvidos no município, como o Grupo de Reabilitação para Agressores de Mulheres. “É muito interessante porque nessas reuniões temos o comparecimento da maioria dos agressores. Os resultados têm sido positivos até o momento. Dos mais de 100 homens participantes, apenas um reincidiu”, conta. Os outros projetos desenvolvidos no município são: Dialogando com a Comunidade, Grupo de Atenção a Agressores Dependentes de Álcool e Drogas e Grupo de Mulher que Vivenciam Violência Doméstica e Familiar.
Sala Lilás
Durante a reunião, o comandante do 3° Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3° Bpat), major José Paulo Marinho, ressaltou o trabalho da Brigada Militar e aproveitou para solicitar a extensão do projeto “Sala Lilás” para a cidade. “Nós já fazemos um trabalho especial nas ocorrências de violência contra a mulher, mas é muito importante uma patrulha especializada e específica para esse tipo de crime. Aliás, seria importante também que Bento tivesse uma Sala Lilás, o que melhoraria muito a atenção às mulheres vítimas de violência, propiciando um atendimento mais humanizado e direcionado”, cobrou.
O funcionamento da Sala Lilás foi explicado pela corregedora do Instituto Geral de Perícias e coordenadora do projeto, Andréia Brochier Machado. Na Sala Lilás, as mulheres têm total privacidade, um ambiente diferenciado, privativo e acolhedor. Enquanto aguardam a perícia física, são recebidas pelo serviço psicossocial e podem fazer o retrato falado digital. Na Serra Gaúcha, Caxias do Sul e Vacaria já possuem este espaço dedicado ao atendimento à mulher. “Ainda se usa um kit padronizado de coleta de material para vítimas de agressão sexual e são oferecidas vestes íntimas descartáveis. Assim a mulher não precisa se constranger enquanto a lingerie original, muitas vezes contendo vestígios de sêmen do agressor, é recolhida e encaminhada para análise com as demais amostras coletadas”, detalhou Andréia.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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