‘Discutir segurança e importância das vacinas é totalmente descabido’, afirma infectologista do Tacchini

Quase 200 vacinas contra o Coronavírus estão em fase de testes em todo o mundo, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dessas, pelo menos dez já atingiram a fase três de estudos, que é a de teste em larga escala em humanos. No Brasil, quatro delas estão esendo testadas: a candidata produzida pela americana Pfizer, em parceria com o laboratório alemão BioNtech; a vacina da Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica britânica AstraZeneca; a da Johnson & Johnson e a Coronavac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Nesta semana, o Reino Unido foi o primeiro país do mundo a aprovar uma vacina, por meio da Agência Reguladora de Saúde e Produtos Médicos do Reino Unido (MHRA, sigla em inglês). A licença foi dada à vacina do grupo Pfizer/BioNTech e as imunizações deverão iniciar na próxima semana, de acordo com o Ministério da Saúde britânico.

Apesar do avanço dos estudos relativos às vacinas contra o Coronavírus, no Brasil algumas pessoas já afirmaram que não farão a imunização. De acordo com a pesquisa “Global Attitudes on a Covid-19 Vaccine”, realizada pelo Instituto Ipsos em outubro, cerca de 20% das pessoas não se vacinariam contra a COVID-19. Entre esse percentual de brasileiros, 48% justificaram que estão preocupados com o avanço muito rápido dos testes clínicos. Além disso, 27% citaram preocupação com os efeitos colaterais, 7% não se vacinariam porque não acreditam que a imunização seria eficaz, 7% alegam que o risco de contágio pela COVID-19 é baixo, 6% se declaram contra vacinações em geral e 3% mencionaram outras razões.


Divulgação/Unsplash
 

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Globalmente, o motivo mais citado foi a preocupação com efeitos colaterais (34%). Após divulgação da pesquisa pelo SERRANOSSA, diversos leitores se posicionaram contrários à vacina, com afirmações como: “Confio mais em minha imunidade do que na vacina”, ou “Só com comprovação científica, isso demora 3 a 4 anos para sair”.

Segundo a infectologista do Hospital Tacchini, Nicole Golin, esse não é o momento para discutir a segurança e a importâncias das vacinas. “Elas são um dos maiores avanços em termos de saúde pública. Permitiram a erradicação de doenças como varíola e poliomielite”, ressalta. A médica cita o aumento da disseminação de notícias falsas como a principal causa da diminuição da importância da cobertura vacinal contra diferentes doenças, “como o sarampo por exemplo, que estava erradicado e, pelos baixos índices de vacinação, acabou reaparecendo”.

Nicole afirma que a única forma de combater realmente a pandemia da COVID-19 é conseguindo uma grande porcentagem de pessoas imunizadas na sociedade. “Precisamos entender que a decisão de não tomar uma vacina terá consequências para a sociedade como um todo. Vacina é um ato de saúde coletiva, não um ato individual”, afirma. “Quando alguém deixa de se vacinar, deixa de gerar imunidade de rebanho, que é o que protege as pessoas mais vulneráveis. A doença para de circular quando se atinge uma boa parte da população vacinada. Dessa forma, a doença não tem como chegar nas pessoas mais vulneráveis, ou seja, todos nós somos responsáveis por protegê-los”, complementa.

A médica ainda afirma que diversas vacinas têm apresentado bons índices de segurança e eficácia e que mais de um tipo de imunização se faz necessário na sociedade, tendo em vista a quantidade de doses necessárias em todo o mundo. 

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