DMT tem somente 8 agentes por turno na rua
Tratado internamente como um dos principais motivos para a dificuldade de conquistar de forma mais ampla a confiança dos bento-gonçalvenses, o déficit de pessoal vivenciado pelo Departamento Municipal de Trânsito (DMT) desde a sua implantação, em 1999, é um dos obstáculos a serem enfrentados pela secretaria de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana ainda neste ano. Antes do final de 2014, a pasta projeta a realização de um novo concurso para o cargo, e pode aumentar em mais de 66% o efetivo, que hoje dispõe de 36 profissionais.
Entretanto, descontados os que atuam no setor administrativo e como telefonista, além das previsões de férias e eventuais licenças, ficam normalmente à disposição cerca 24 agentes para serem divididos em três turnos de trabalho, o que faz com que, em média, apenas 8 estejam na rua em cada um destes períodos. O objetivo é que a terceira prova realizada ao longo desses 16 anos permita elevar para 60 o número total de azuizinhos, o que também faria subir para 40 a quantidade diária de profissionais disponíveis diariamente.
Com o aumento no efetivo, que dependerá de mudança em lei, também pode ser encaminhada uma melhoria salarial para a categoria. Hoje, um agente de trânsito recebe, inicialmente, R$ 1.217,90, outro aspecto considerado como um elemento desmotivador para abraçar a função. As alterações dependem, contudo, de um estudo que está sendo realizado em toda a estrutura administrativa da prefeitura por uma empresa contratada e, em breve, deve ser direcionado à mobilidade.
Limitações
De acordo com o secretário Mauro Moro, a demanda já foi remetida ao prefeito Guilherme Pasin no começo deste ano e tende a ser tratada como urgência, em função da carência acumulada. “Hoje nós priorizamos o Centro, que é onde tem mais conflito de circulação, e especialmente as áreas próximas às escolas. Não conseguimos ir além disso, mesmo sabendo que muitos bairros mais populosos, como na região do São Roque e Santa Helena, precisam da presença mais constante dos agentes. E se conseguirmos esses 24 novos, vai amenizar o problema, mas não vai resolver”, afirma.
Além de evitar que os agentes atuem sozinhos nas ruas, o DMT também precisa, constantemente, direcionar os profissionais para outras atividades, como o monitoramento de eventos e até de obras em execução nas vias públicas, o que afeta a atuação ostensiva. “Estamos fazendo milagre com o que temos hoje”, acrescenta o diretor, Clóvis Antônio Bedina.
Na tarde da última terça-feira, 29, a reportagem do SERRANOSSA percorreu, por 45 minutos, trechos das principais ruas centrais de Bento, como a Barão do Rio Branco, Marechal Deodoro, Marechal Floriano, Cândido Costa, Júlio de Castilhos e Saldanha Marinho. Durante o período, apenas uma viatura em movimento, com dois agentes, foi avistada.
Curso
Depois do concurso, os aprovados ao cargo de agente de trânsito deverão passar pelo curso de formação, com duração de no mínimo 350 horas, estendendo-se, provavelmente, por até seis meses. Segundo Moro, a primeira capacitação, em 2000, foi ainda mais extensa, e durou nove meses. O segundo e último curso, em 2011, foi realizado em apenas duas semanas. “Não deu a segurança que eles precisavam, mas eles acabaram aprendendo realmente na prática. Muitos ainda enfrentam alguma dificuldade, mas também aproveitam a experiência dos que estão há mais tempo. Por isso sempre é importante uma renovação, mas ela tem que ser feita com qualidade e bem embasada”, completa o secretário.
Estrutura
O DMT tem hoje à disposição quatro automóveis, duas caminhonetes e duas motocicletas. Estruturalmente, Moro ressalta que não seriam necessárias melhorias muito significativas, à exceção de sistemas de monitoramento por satélite (GPS) e câmeras em viaturas, para otimizar a utilização dos recursos públicos e garantir um controle mais preciso dos atendimentos realizados pelo órgão. “Já estamos trabalhando junto à Coordenadoria de Tecnologia de Informação e Comunicação (CTEC) para isso”, adianta.
Menos da metade do ideal
A orientação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), no Plano Nacional de Redução de Acidentes e Segurança Viária Para a Década 2011 – 2020, é a presença de pelo menos um agente de trânsito para cada mil veículos em circulação nos municípios brasileiros que dispõem desse efetivo. Com base nesse índice, Bento – que possui uma frota de mais de 75,6 mil – deveria ter, no mínimo, 75 agentes em operação nas ruas da cidade. Atualmente, entretanto, essa proporção não chega sequer à metade do indicado.
Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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