Do pneu ao cimento

A palavra sustentabilidade ganhou status de importância nos dias de hoje. Nesse contexto, qualquer ação que busque dar um novo destino para o que não é mais usado merece atenção. Parceria entre a Fundação Proamb, de Bento Gonçalves, e a Cimpor do Brasil, braço nacional da indústria cimenteira portuguesa, permitirá transformar pneus descartados em cimento, com o chamado coprocessamento. A iniciativa é inédita no Rio Grande do Sul.

Em abril de 2010, portaria da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) determinou prazo até outubro deste ano para que os resíduos inflamáveis não sejam mais depositados em aterros industriais. Há indicativos de que o prazo para adequação seja prorrogado. A intenção da portaria é evitar possíveis incêndios em aterros. De acordo com o gerente operacional da Proamb, Eduardo Cristofoli, neste contexto, a melhor alternativa é o coprocessamento. “É uma técnica nobre de destinação final de resíduos, pois aproveita o potencial energético dos materiais, destrói em definitivo as sobras de produção e não gera passivos”, esclarece.

O pneu é um dos materiais utilizados no processo, ligado diretamente com o dia a dia dos cidadãos. É uma forma de dar destinação correta e evita ainda outros prejuízos, como deixa-los ao ar livre, o que contribui para proliferação da dengue, por exemplo. A queima do pneu serve de fonte de calor para a fabricação do cimento e o que sobra dessa queima pode ser agregado na matéria-prima.

A Proamb entrará no processo com a blendagem, que é, basicamente, preparar resíduos para deixá-los em condição de serem coprocessados. O blend (uma mistura derivada de resíduos) da Proamb alimentará os fornos de produção de cimento da Cimpor na unidade de Candiota, no Rio Grande do Sul. “A indústria cimenteira é quem determina as características ou variáveis que o blend deve ter, como quantidade de umidade, minerais existentes, homogeneidade, granulometria e poder calorífico. A mistura também não pode possuir componentes organoclorados, explosivos, radioativos, além de resíduos hospitalares e domésticos”, explica.

O projeto para a operação do novo serviço está andamento, com previsão de início do atendimento para o início do próximo ano. A unidade, com Licença Prévia expedida pela Fepam, funcionará em Nova Santa Rita, município da grande Porto Alegre (distante 21 quilômetros da Capital e cerca de 110 de Bento Gonçalves). O local foi escolhido pela posição estratégica, podendo atender tanto a Região Metropolitana como a Serra Gaúcha, maiores geradores de resíduos. Antes de entrar em funcionamento, a unidade depende ainda da liberação da Licença de Instalação e da Licença de Operação. A Cimpor já está operando parte do coprocessamento, utilizando pneus e resíduos da indústria calçadista.

Carina Furlanetto

 

 

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