Docente da UCS atua como voluntária no Projeto Piaba, no Amazonas
A partir de um convite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do SEBRAE-AM, em 2008, para falar sobre Indicação Geográfica para o produto “guaraná”, nas cidades de Maués e Urucará, no Amazonas, a professora Maria Inês Munari Balsan, dos cursos de Comércio Internacional e Administração no Campus Universitário da Região dos Vinhedos, se envolveu, voluntariamente, no “Projeto Piaba”, cuja missão é promover a sustentabilidade ambiental e social na captura e comercialização de peixes ornamentais na região do Rio Negro.
Esse projeto foi idealizado pelo professor Ning Labish Chao, da Universidade Federal do Amazonas, que busca também, ao tratar da comercialização de peixes ornamentais, contribuir para a conservação das florestas tropicais da Amazônia. A denominação do projeto de “Piaba” deve-se ao nome do peixe mais representativo na região, que também leva o nome de Cardinal ou Neon.
Ao concluir a palestra sobre Indicação Geográfica, Maria Inês conheceu o fundador do projeto que a convidou para uma expedição no Rio Negro para que conhecesse os problemas da região e dos peixes ornamentais. O convite, segundo ela, tinha como objetivo “achar uma solução para a cadeia desse produto, pois 95,5% é para exportação. Após essa expedição, propus fazer um processo de Indicação Geográfica – do tipo Indicação de Procedência (IP), que valoriza o produto pela sua origem e pela sua qualidade, que também contemplam a cultura, história e seu povo. Durante quase quatro anos de estudos e elaboração de um dossiê, em 14 de setembro de 2015, através do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), fomos homologados com a “Indicação de Procedência Rio Negro”, a única no mundo em animal vivo e também a única para peixe vivo. Trata-se da primeira Indicação de Procedência no Norte do país”, explica a docente, que hoje é Diretora no Brasil do Projeto Piaba.
A partir de então, o projeto aplica nas comunidades de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro – que são os dois municípios pertencentes a essa IP – as Boas Práticas de Manejo, “que permite que essa parte da cadeia de produção seja certificada e que entregue produtos de qualidade para os exportadores em Manaus. No próximo mês, será treinado também com as boas práticas de manejo a parte da cadeia que se chama ‘exportador’. Na parte da cadeia referente ao mercado comprador (americano, europeu, entre outros) já se trabalha na questão da conscientização para a compra do peixe sustentável, mantendo assim as famílias economicamente ativas e profissionalizadas”, relata.
Todo o trabalho desenvolvido pelo Projeto Piaba resultou na publicação de um livro “Amazon Adventure – How tiny fish are saving the world’s largest rainforest” (ou, Amazon Adventure: como os pequenos peixes estão salvando a maior floresta tropical do mundo), escrito por Sy Montgomery, com fotografias de Keith Ellenborgen. A obra faz referência ao trabalho da docente da UCS pelo fato de ter revitalizado o projeto, com a proposição da IP.
Maria Inês destaca que as comunidades envolvidas no Projeto Piaba “confiam muito em nosso trabalho, mesmo que seja lento e demande tempo e dinheiro, temos conseguido cumprir com nossas expectativas, e levar para os participantes uma vida melhor e mais digna. Todo piabeiro (pescador de peixe ornamental) que participa do projeto tem sempre apoio de veterinários, biólogos, cientistas na área dos peixes ornamentais, sempre de forma voluntária. Trata-se de um projeto que faz bem para eles, mas também faz bem para a alma de quem está envolvido, pois fazem parte de nossas vidas”, conclui.
Foto: Paula Larentis