Dr. Google não é médico

A procura por formas caseiras para cura de doenças é comum há muito tempo. Se a conversa com a vizinha ou as crenças passadas de geração a geração já traziam riscos pela falta de supervisão médica, a popularização da internet tornou ainda mais fácil – e perigoso – o autodiagnóstico. Por mais práticos que sites de busca como o Google sejam, nem sempre são confiáveis, por isto é preciso ter cuidado com as informações disponíveis na rede. Para os especialistas, o maior problema não é buscar informações sobre o que um determinado sintoma pode ser, mas agir sem procurar um profissional especializado. E isto vale não apenas para sites da internet ou fóruns de perguntas on-line, mas também para quem utiliza tratamentos indicados por amigos, vizinhos e familiares.

O neurologista e coordenador do curso de Medicina da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Asdrubal Falavigna tem percebido que é cada vez mais comum as pessoas irem ao consultório com algum diagnóstico pesquisado. “Normalmente, as pessoas que têm o hábito de acessar a internet já trazem alguma coisa. Às vezes vêm com um papel cheio de perguntas”, afirma. No tratamento, as pesquisas sobre a doença podem ajudar porque, conforme o médico, o paciente fica com uma expectativa mais normal e verdadeira da situação.

Falavigna acredita que a pesquisa não seja algo ruim, mas é preciso que o paciente procure o médico para realizar o tratamento adequado. Para ele, a internet não é a grande vilã. “A automedicação é um problema, mas não é culpa da internet. Em uma conversa com a vizinha a pessoa também pode acabar recebendo uma ‘receita’ e se automedicar”, alega o médico.

Segundo o especialista, não importa se o que a pessoa pesquisou é certo ou errado: ele frisa que deve ser procurada a orientação médica. “A pesquisa, seja certa ou errada, é boa porque mostra preocupação”, analisa. Ele comenta que alguns médicos acham que estas atitudes dos pacientes são uma afronta ao conhecimento do profissional, mas ele acredita que a iniciativa pode ser proveitosa. “Se é uma informação certa, complementa o que vai ser falado, e, se for errada, mostra o quanto o médico conhece sobre o assunto. Não adianta lutar contra, é uma coisa que veio para ficar”, avalia.

Sites confiáveis

*Sociedade Brasileira de Cardiologia (www.cardiol.br)

*Sociedade Brasileira de Reumatologia (www.reumatologia.com.br)

*Sociedade Brasileira de Dermatologia (www.sbd.org.br)

*Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (www.portalsbot.org.br)

*Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (www.sbpt.org.br)

*Sociedade Brasileira de Nefrologia (www.sbn.org.br)

 

Selo para sites confiáveis

O surgimento desta nova geração de internautas que busca informações sobre sintomas e doenças, fez com que a Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), criasse um laboratório para avaliar a qualidade do conteúdo dos portais relacionados à área de saúde. Saúde é um dos assuntos mais pesquisados na rede. Um estudo da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, revela que dos 278 milhões de acessos diários a páginas de busca na internet no mundo, mais de 12 milhões referem-se ao tema. Mas como saber qual página é confiável? Para responder a essa pergunta, os pesquisadores do Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (Laiss) pretendem criar critérios de avaliação para esses portais. Três aspectos fundamentais serão observados: a legitimidade do conteúdo, a navegabilidade da página e a legibilidade. Usuários e especialistas serão convidados a avaliar cada um desses aspectos. O Laiss vai criar uma lista de páginas de internet sobre saúde confiáveis. Esses portais receberão um selo de qualidade da Fiocruz. Os pesquisadores pretendem também que o Laboratório sirva como centro de reflexão e produção de conhecimento sobre a relação entre internet, usuários do sistema de saúde e profissionais da área.

 

Fonte: Instituto Ciência Hoje

 

Francine do Nascimento Ghiggi

 

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