E essa quarentena no período da Quaresma?

Ainda que, para muitos, quarentena e quaresma possam ser identificadas como a mesma coisa, existem singelas diferenças entre elas, desde a sua origem até o seu verdadeiro significado. E cada uma delas, com toda a certeza, carrega uma simbologia marcante.

A quaresma, segundo o dicionário eletrônico Dicio (www.dicio.com.br), é o “período de quarenta dias após a quarta-feira de cinzas, subsequente à Quarta-feira de Cinzas, em que os católicos e algumas outras comunidades cristãs se dedicam à penitência em preparação à Páscoa”. Essa, a Páscoa, por sua vez, segundo Wikipedia, “é uma festividade religiosa (…) que celebra a ressurreição de Jesus (…) e também a mais antiga e importante festa cristã”.

Trata-se, portanto, de um período de devoção e reflexão, no qual a comunidade cristã presta sua total devoção ao “filho de Deus”, ao mesmo tempo em que, por meio de seus sacrifícios, que vão desde não comer determinados tipos de comida, doces, etc., até peregrinações às igrejas, comunidades ou catedrais mais proeminentes, buscam a remissão, o perdão dos seus pecados. Recolhem-se, pois, em penitência para relembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e seu sacrifício na cruz.

Por sua vez, segundo escreveu a colunista Dad Squarisi no Jornal Correio Braziliense (blogs.correiobraziliense.com.br), a “Quarentena vem do italiano quarentena. A história nasceu há muito tempo. No século 14, a peste bubônica matou mais de um terço da população da Europa. Na época, pouco se sabia sobre a doença. O governo de Veneza, temendo que o mal viesse do mar, determinou que todas as embarcações ficassem isoladas durante 40 dias antes do desembarque dos passageiros”. O que não se sabe, nesse caso, é a razão pela qual o governo de Veneza, naquela época, quando pouco ou nada se sabia da doença, determinou que tal período fosse de 40 dias.

Alguns dizem que é influência da própria quaresma. Outros, ainda, defendem que tem relação com o período do pós-parto, aqueles quarenta dias em que a mulher deve – ou deveria – ficar de resguardo. Nesse ponto, aliás, por controverso, deixarei de desenvolver, fazendo somente a referência à origem da quarentena.

De qualquer forma, a quarentena teve sua origem ainda lá no século 14 para, além de evitar a disseminação de doenças, purificar aqueles que eventualmente estivessem contaminados. A quaresma, por sua vez, tem como sua finalidade cristã a purificação dos devotos de seus pecados.

Tenho defendido, aqui, ao longo das outras três semanas que tive oportunidade de escrever para você, trazendo algumas reflexões – depois que a querida Colega Dra. Ana Paula Ribeiro Chies aceitou o desafio do meu devaneio de escrever para o jornal –, que ninguém sai igual de um período de quarentena, de um período de reflexão, de uma nova experiência. Mais ainda, otimista que sou, tenho defendido que todos saímos melhores de toda e qualquer experiência, sabendo, dela, retirar sempre o lado bom. Tenho dito também que talvez essa “parada obrigatória” imposta pela quarentena tenha servido para que possamos, em uma vida cada vez mais veloz a atribulada, aprender quais são as nossas prioridades e colocá-las no seu devido lugar. Afinal, Mahatma Gandhi, conhecido pela luta não violenta pela independência da Índia, e que defendia o pluralismo religioso, dentre outras célebres frases, disse: “A vida merece algo além do aumento de sua velocidade”.

Assim, que essa quarentena, vivida no período da quaresma, tenha servido de reflexão, purificação e evolução para todos nós. Feliz Páscoa e até a próxima!

 

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