“É um clube que tem que estar na primeira divisão”
Começa neste domingo, dia 4, a luta do Clube Esportivo para retornar à elite do futebol gaúcho. A equipe bento-gonçalvense entra em campo às 16h no Colosso da Lagoa, em Erechim, para enfrentar o Ypiranga.
Durante a preparação para o campeonato, que terá ao todo 45 dias, o alviazul fez dois jogos-treino e dois amistosos. Em três partidas fora de casa e apenas uma no estádio Montanha dos Vinhedos, a equipe acumulou duas vitórias, um empate e uma derrota.
Este é o quarto do alviazul longe da divisão principal. Em 2015, o time parou na primeira fase; em 2016 caiu na segunda fase e em 2017 foi eliminado nas quartas de final para o Avenida.
Em entrevista ao SERRANOSSA, o técnico Rodrigo Bandeira avalia o grupo de jogadores e está otimista quanto ao desempenho do elenco. Aos 44 anos, ele tem em seu currículo o acesso do União Frederiquense à divisão principal em 2014, além de ter avançado às fases finais em outras oportunidades.
SERRANOSSA – Que avaliação você faz do grupo de jogadores após os testes da pré-temporada?
Rodrigo Bandeira – Os amistosos foram bons, nos deram uma avaliação diferente do que temos no dia a dia de treino. Foram dois amistosos diferentes, mas com algumas características que a gente vai encontrar na competição. Para nós, como comissão, foi muito interessante, até para saber o que vamos enfrentar no campeonato. Os dois jogos foram fora de casa, é um cuidado que a gente teve porque a estreia vai ser fora. Fomos bem competitivos e isso me agradou. A competição é assim. Muitas vezes não vamos conseguir jogar com qualidade, mas em um contexto geral os testes foram bem proveitosos. Temos coisas para evoluir, o que vai ser natural com a competição.
SN – Quais os pontos fortes e fracos do time?
Bandeira – Temos visto coisas positivas. As dificuldades são em questão de repetição de trabalho, de conseguir passar a ideia e repetir alguns hábitos, que não estamos conseguindo por termos uma equipe mais reduzida. O grupo está mesclando juventude com experiência, e isso é bom. É uma equipe que tem característica de intensidade, de ser competitiva e tem qualidade individual. Comparando com a campanha que fiz ano passado no Lajeadense, eu acho que a gente começa com um grupo mais qualificado aqui. Agora é repetir, corrigir e ajustar algumas coisas que precisa para fazer uma competição forte, chegar na fase final e depois brigar pelo acesso.
SN – Como você avalia o investimento feito em jogadores pelo clube?
Bandeira – O investimento está na média do que as outras equipes estão fazendo, talvez até um pouco mais do que algumas. Sabemos das dificuldades para manter o clube ativo, mas eu vejo com bons olhos a forma de gestão, muito séria e direta. É importante porque dá segurança para trabalhar. Em função da troca da direção atrasou o processo da montagem do elenco, mas foi bem tranquilo. Montamos uma pré-lista pensando no perfil da competição e dentro disso 90% do planejado aconteceu. Por isso estamos conseguindo ver uma evolução bem rápida do trabalho. Estou bem satisfeito. A resposta que eles estão dando todo dia no trabalho tem agradado.
SN – Como você avalia a estrutura que o clube oferece?
Bandeira – É uma das melhores estruturas que tem no interior, tanto da primeira divisão como da segunda. Cabe a nós aproveitarmos da melhor maneira possível. A estrutura ajuda, mas ela não ganha jogo. Ajuda a construir um ambiente saudável e positivo. É um clube que tem que estar na primeira divisão. Vamos usar tudo o que o clube oferece para qualificar o trabalho e conseguir um resultado. O Esportivo tem um poder de evolução muito grande. Eu estou bem satisfeito. Até brinco que, de todos os clubes que trabalhei – e todos foram importantes –, aqui eu faço questão de acordar cedo e vir para cá, porque o clube dá uma condição de trabalho muito boa.
SN – Como a sua experiência na Divisão de Acesso pode ajudar o time?
Bandeira – Por ter participado várias vezes da competição, temos respeito pelos adversários. Têm muitos jogadores com quem trabalhei e que vamos enfrentar. As últimas quatro divisões de acesso que eu disputei eu fui para as fases finais: em 2014 com o União Frederiquense; em 2015 com o Brasil de Farroupilha (que perdeu acesso para o Glória); e em 2017 com o Lajeadense (que perdeu acesso para o Avenida) e, em Santa Catarina, com o Camboriú (que perdeu acesso para o Hercílio Luz). Ano passado escaparam dois acessos, neste ano não vai escapar o terceiro.
SN – A direção do Esportivo tem como uma das missões recolocar o clube na elite do futebol gaúcho para 2019, ano do centenário. Com isso, o grupo sente uma pressão para conseguir o acesso?
Bandeira – Eu não vejo como uma pressão. Eu vejo como um fator motivacional, vamos usar isso como uma forma de fazer um trabalho melhor. Tenho o objetivo de marcar história no clube. Tem uma pressão, mas ela é muito mais externa. Aqui dentro temos um ambiente tranquilo em relação a isso.
SN – O torcedor pode ficar confiante de que tem chances de acesso?
Bandeira – O resultado não conseguimos controlar, porque são muitas circunstâncias que interferem no jogo, mas no que cabe a nós, que é o trabalho, sem dúvida nenhuma o torcedor pode ter certeza que vamos fazer o melhor. O tempo de fazer bem feito e malfeito é o mesmo. Temos nos cobrado muito em relação a isso, mas sem colocar uma pressão excessiva. É um trabalho que foi feito em outros clubes e estou tentando repetir. Temos capacidade de evoluir cada vez mais.