Eduardo Leite se coloca como pré-candidato à Presidência e critica polarização entre Lula e Bolsonaro
Governador do Rio Grande do Sul afirmou que representa uma alternativa independente na corrida ao Planalto e criticou tanto o petista quanto o ex-presidente em entrevista à Rádio Itatiaia

Durante entrevista à Rádio Itatiaia nesta quarta-feira, 6 de agosto de 2025, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), assumiu publicamente sua condição de pré-candidato à Presidência da República em 2026. Ele se apresentou como um nome capaz de romper com a polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
“Sim, eu me coloco como pré-candidato à presidência, porque defendo o movimento de despolarização do país. Não apoiei Lula, não apoiei Bolsonaro nas eleições de 2022. Eles não representam a minha forma de ver a política, ver o país e ver o mundo”, afirmou.
Leite ressaltou ainda que sua filiação ao Partido Social Democrático (PSD) tem como objetivo somar forças com nomes como o do governador Ratinho Júnior, do Paraná. “O PSD tem grandes quadros. O Ratinho é um excelente gestor público. Minha vinda é para somar, não para dividir. Uma candidatura presidencial não pode ser uma vontade pessoal, tem que ser construída em grupo, com apoio popular”, disse.
Alexandre de Moraes e a prisão domiciliar de Bolsonaro
Ao comentar os desdobramentos judiciais contra Jair Bolsonaro, Eduardo Leite adotou tom crítico à prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes (que, poucos dias atrás, Leite chegou a defender), do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não gosto do presidente Bolsonaro, e ele também não gosta de mim. Já me criticou, eu também critiquei. Não temos relação. Mas isso não muda o fato: essa prisão domiciliar, do jeito que foi feita, está equivocada.”
Segundo Leite, embora o processo judicial contra o ex-presidente esteja seguindo os trâmites legais, a decisão monocrática que impôs medida cautelar representa um precedente perigoso. “É criticável. Muitos que não gostam de Bolsonaro também acharam excessiva. Essa decisão deve ser revista”, concluiu.
Farpas a Lula em meio ao conflito com os EUA
Leite também criticou duramente o presidente Lula, afirmando que suas recentes falas com conotação antiamericana estão prejudicando as relações diplomáticas com os Estados Unidos — especialmente diante da nova tarifa de 50% aplicada pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros, em vigor desde hoje. Embora tenha deixado claro que a maior responsabilidade pela crise está com a família Bolsonaro, o governador não poupou críticas ao petista.
“Lula insiste em declarações contra o dólar e com tom antiamericano. Isso só piora o ambiente. Em vez de seguir o exemplo de países como Canadá, Japão, União Europeia e México, que foram pragmáticos, o governo brasileiro prefere criar confusão.”
Ele defendeu que o presidente deveria buscar o diálogo: “É preciso sentar à mesa com Trump e parar com essa história de que não vai ligar. O presidente norte-americano já disse que fala quando quiser. Isso exige urgência, não orgulho.”
Leite defendeu ainda medidas emergenciais para mitigar os efeitos do chamado “tarifaço” americano: “Se não for possível reverter a medida de imediato, o Brasil deve adotar planos de contingência, como o layoff usado na pandemia, para preservar empregos e empresas afetadas até que consigam abrir novos mercados.”