Eduardo Tagliaferro acusa Alexandre de Moraes de fraude em relatório sobre empresários
Eduardo Tagliaferro acusa Alexandre Moraes de manipular relatórios para justificar operação da PF contra empresários bolsonaristas em 2022
Na terça-feira, 2 de setembro de 2025, o ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, denunciou que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fraudou relatórios usados para autorizar uma operação da Polícia Federal (PF) contra empresários bolsonaristas em 2022. Atualmente, Tagliaferro vive na Itália, de onde prestou o depoimento por videoconferência à Comissão de Segurança Pública do Senado Federal, presidida por Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Empresários investigados
Em agosto de 2022, o portal Metrópoles revelou mensagens trocadas em um grupo de WhatsApp chamado “Empresários & Política”. Nelas, alguns empresários supostamente estariam defendendo a ideia de um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder. Dias depois, Moraes determinou uma operação da PF contra integrantes do grupo, entre eles Luciano Hang (Havan), José Koury (Barra World Shopping) e Ivan Wrobel (W3 Engenharia).
O relatório contestado
Segundo Tagliaferro, Moraes teria se baseado apenas na reportagem jornalística para justificar a operação. Ele afirmou que o relatório técnico usado como fundamento foi produzido após as buscas, mas teve a data alterada para 22 de agosto, um dia antes da ação, para dar aparência de legalidade. Tagliaferro atuou como chefe de gabinete na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE em 2022, durante a gestão de Moraes.
Declaração do ex-assessor
“O relatório e todo o material que chegou às minhas mãos para montar aquela farsa são dos dias 26, 27 e 28 de agosto. A busca e apreensão foi em 23”, disse Tagliaferro. Ele apresentou prints e mapas mentais que teria produzido para fundamentar a operação. Tagliaferro chamou isso de uma “maracutaia judicial” feita por motivos políticos.
Denúncia contra Tagliaferro
Apesar da acusação, o próprio ex-assessor responde a um processo no STF. No mês passado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou Tagliaferro por violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A versão de Moraes
A assessoria do ministro Alexandre de Moraes negou qualquer fraude. Em nota, afirmou que todos os relatórios foram produzidos dentro da lei, enviados à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República, e que o TSE tem competência para elaborar documentos sobre crimes relacionados à desinformação.