Efeitos da enchente: doações ajudam famílias a recomeçarem
Há 15 dias, centenas de famílias foram atingidas pela maior enchente dos últimos 60 anos na região da Serra Gaúcha. O município de Santa Tereza foi um dos mais afetados. Mais de 80 famílias sofreram sérios prejuízos devido à cheia do Rio Taquari e ao menos 20 perderam tudo. Entre essas famílias está a do operador de máquinas Nei Paulo Bongiorno.
“A água começou a subir na terça à noite [07/07] e logo tiramos tudo do andar de baixo e levamos para cima, achando que a água não iria chegar até lá. Mas quando percebemos, ela tinha invadido até o andar de cima. Eu e meu cunhado tentamos entrar de barco para salvar alguma coisa, mas a água estava subindo muito ligeiro e tivemos que desistir”, relata. Além de todo o piso inferior, a água entrou cerca de 1,40m no andar superior da residência, levando guarda-roupas, colchões, roupas e eletrodomésticos. De acordo com informações da própria prefeitura, a água estava subindo cerca de 1,5m por hora. “Em duas horas dá quase 3 metros de água. Não tivemos o que fazer. Ficamos na rua até de manhã cedo. Coloquei o carro mais para cima, onde a água não tinha chegado, e minha filha dormiu lá. Depois, no dia seguinte, dormimos na casa do meu cunhado porque não tínhamos como ficar dentro de casa… tinha muito barro e umidade”, conta.
Foto: Arquivo pessoal – Eduarda Bucco
Natural de Garibaldi, Bongiorno reside em Santa Tereza há sete anos, junto com sua esposa, Laidir, e os filhos, Isabele, de 7 anos, e Eric, de 15 anos. “A única enchente que tinha presenciado até então tinha sido a de 2014, mas a água só entrou no porão. Levamos as coisas para cima e não tivemos prejuízo nenhum. Essa de 2020, segundo os mais antigos, foi a maior da história”, afirma.
Foto: Eduarda Bucco
Mesmo após ver todos os seus pertences sendo tomados pela água, Bongiorno conta que demorou para assimilar o que estava acontecendo. “Deu um desânimo muito grande. Até cair a ficha que a água está lá dentro e não podíamos salvar nada… ver o que construímos durante praticamente toda a vida sendo levado em questão de horas, é muito complicado”, lamenta.
Bongiorno relata que conseguiu salvar algumas poucas peças de roupa para seus filhos, mas que depois que a água baixou ele e sua esposa se viram apenas com a roupa do corpo.
“A Defesa Civil emitiu alertas, mas ninguém sabia que seria uma enchente tão grande. Agora, com certeza, vamos estar mais atentos para a próxima. Se o rio começar a subir, já vou encostar um caminhão aqui para tirar as minhas coisas. Porque perder tudo é realmente muito triste”, desabafa.
Ajuda para o recomeço
O auxílio da comunidade de Santa Tereza e de centenas de voluntários de toda a região trouxe alívio à família de Bongiorno e tantas outras que perderam tudo em função da enchente. “Veio ajuda de tudo que é município logo no dia seguinte. Doações de roupa, de alimentos, de materiais de limpeza… também recebemos móveis, colchões e cobertas. Essa ajuda foi essencial para a gente”, afirma.
As doações foram recebidas pelo setor de assistência social da prefeitura de Santa Tereza, que direcionou os materiais para as famílias mais necessitadas naquele momento. A comunidade ainda contou com o auxílio do 6º Batalhão de Comunicações (6º BCom), do Corpo de Bombeiros de Bento Gonçalves e da Brigada Militar, cujos integrantes auxiliaram na limpeza das residências e das ruas.
“Eu sempre prefiro ajudar os outros do que ser ajudado, mas nesse momento, eu precisei e recebi muita ajuda. Então precisamos agradecer muito essas pessoas que doaram. Nós não tínhamos praticamente nada depois da enchente e, agora, com todas as doações, podemos recomeçar”, comemora Bongiorno.