Eleições 2022: o que são os mandatos coletivos e o aumento de candidaturas no modelo

A prática que surgiu na Suécia em 2002, tem entre seus objetivos dar mais voz para comunidades com baixa representação política nas decisões do país

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

As Eleições 2022 podem entrar para história por diversos motivos. Um dos que mais irá se destacar é a crescente participação de candidaturas no modo “mandato coletivo”. Elas são relativamente novas e estão ganhando espaço pela primeira vez na história eleitoral do Brasil por haver inserções na propaganda política com a menção a grupos ou coletivo de apoiadores junto do nome do candidato a deputado ou senador. Como dito anteriormente, a prática não é nova, existe há anos, mas estas são as primeiras eleições em que o mandato coletivo pode aparecer na campanha, segundo resolução aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro de 2021.

Ad banner
Ad banner

O mandato coletivo registrou recorde de candidaturas neste ano: 213, segundo as estatísticas do TSE. Desse total, 64% são para deputados estaduais ou distritais, 34% para deputados federais e 2% para o Senado. Mas a modalidade continua a operar de maneira informal no país, sem regulamentação oficial. Em tese, o mandato coletivo consiste na divisão de um mandato parlamentar entre várias pessoas, sem hierarquia e com as decisões ocorrendo em colegiado. Apesar da resolução do ano passado, a candidatura continua a ser registrada no nome de uma única pessoa.

Caso eleito, apenas o cabeça da chapa terá os direitos de um parlamentar, como discursar no parlamento e participar de colégios de líderes. Apenas ele poderá votar nas sessões, com base nas decisões tomadas coletivamente com os coparlamentares. Um exemplo: a Maria é candidata a deputada federal pelo Rio Grande do Sul. Ela faz parte do coletivo “Somos Todos RS”, que tem outros nove nomes participando, porém, foi definido internamente que a cabeça de chapa é a Maria. Se eleita, quem terá todos os direitos como deputada federal será a Maria, e não ela e seus outros nove colegas. Todos eles poderão participar de decisões de votos ou na criação de projetos, contudo, a presença e voz no plenário do Congresso serão apenas de Maria.

  • Ad banner
  • Aurora
  • Câmara Bento
  • Ad banner
  • Aurora
  • Câmara Bento

O Rio Grande do Sul tem, no momento, oito registros de candidaturas no formato coletivo. A que mais chama atenção é a do ex-governador Olívio Dutra (PT), de 81 anos, que concorre a uma vaga no Senado Federal. Ele está ao lado de seus dois suplentes: o vereador Roberto Robaina (PSOL) e da vereadora de São Leopoldo Fátima Maria (PT). Em entrevista à Rádio Gaúcha, Dutra afirmou que, se eleito, não abrirá mão do posto lhe dado pelo voto, mas sim, abrirá espaço para o compartilhamento de ideias com os colegas de chapa.

O primeiro exemplo de mandato coletivo foi instalado na Suécia, em 2002. Os defensores do modelo destacam que essa é uma maneira efetiva de aumentar a participação de minorias políticas (negros, mulheres, indígenas, comunidade LGBTQIA+, etc) nas decisões do país, mesmo que de forma indireta. Esses mandatos, mesmo informais, podem encontrar formas de serem regulados através de acordos internos registrados em cartório, obrigando que todos sigam o que foi estabelecido, não abrindo brechas para dissoluções ou brigas internas para substituição do político de fato eleito.

  • Publicidade UCS
  • Ad banner
  • Ad banner
  • Publicidade
  • Ad banner
  • Ad banner

“A chamada candidatura coletiva representa apenas um formato de promoção da candidatura, que permite à pessoa que se candidata destacar seu engajamento em movimento social ou em coletivo”, afirmou o ex-presidente do TSE ministro Edson Fachin ao votar favoravelmente à resolução que autorizou a menção às chapas coletivas na campanha deste ano.

Regulamentação

  • Ravanello
  • Fraporti
  • Vinícola Garibaldi
  • Ótica Debianchi
  • Posto Ravanello
  • Fraporti
  • Vinícola Garibaldi

Atualmente, há pelo menos duas propostas de regulamentação dos mandatos coletivos no Congresso. Em 2017, a deputada licenciada Renata Abreu (Podemos-SP) apresentou uma proposta de emenda à Constituição que insere o mandato coletivo para os Poderes Legislativos municipal, estadual, distrital (caso do Distrito Federal) e nacional. Em 2020, o deputado André Figueiredo (PDT-CE) apresentou um projeto de lei para oficializar a figura dos coparlamentares, que passariam a ter direitos semelhantes aos do cabeça de chapa. As duas propostas estão paradas no Congresso Nacional.

Enviar pelo WhatsApp:
VER MAIS NOTÍCIAS