Em dois meses, Bento Gonçalves registrou 482 novos empreendimentos

A secretária de Desenvolvimento Econômico de Bento Gonçalves, Milena Bassani, destaca que é necessário ter um olhar diferente e desburocratizar o setor

Foto: Suellen Krieger

Bento Gonçalves, além de ser conhecida pelo turismo, também chama atenção pelo empreendedorismo. Prova disso, é o número de novas empresas, que aumenta ano após ano. São empresas dos mais variados segmentos: indústria, comércio, serviço, entre outros, gerando emprego e desenvolvimento ao município.

Devido ao espírito empreendedor que move Bento Gonçalves, a Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, Milena Bassani, afirma que embora considere fácil ser a responsável por esta pasta, também é algo que exige muito.

“É necessário ter um olhar diferente, tem que desburocratizar, não posso parar no tempo, porque independente do porte, a gente lida com empresários, a gente lida com sonhos, ninguém abre um MEI sem ter um sonho, é a vida das pessoas, então a gente tem que cuidar, saber atender, saber explicar”, garante.

À título de comparação, em 2018, Bento Gonçalves fechou o ano com 1934 novas empresas; em 2019 foram 2162; no ano da pandemia do coronavírus, em 2020, foi a primeira vez que ocorreu redução, ainda assim o número se manteve alto: foram 2114 novos empreendimentos; em 2021 o número voltou a crescer, foram 2726 novas empresas; em 2022 foram 2773; neste ano, nos dois primeiros meses, 482 empreendimentos novos já surgiram no município.

Estes números envolvem todos os tipos de empreendimentos, de pequeno a grande porte, dependendo do enquadramento financeiro. Enquadra-se como microempreendedor Individual quem recebe até R$ 81 mil. Microempresa: menor ou igual a R$ 360 mil. Pequena empresa: maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões. Média empresa: maior que 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões. Grande empresa: maior que R$ 300 milhões.

Sala do Empreendedor

A desburocratização de serviços públicos é uma das demandas requisitadas principalmente pelos empresários. Uma forma encontrada pela prefeitura para tentar agilizar esses processos foi a instalação da Sala do Empreendedor.

De maneira geral, a Sala do Empreendedor está estruturada para fazer com que os empresários ou futuros empresários possam reduzir a necessidade de circulação em diversos órgãos, além disso, esse serviço possibilita que as pessoas possam, de forma gratuita, realizar o cadastro para se tornar um microempreendedor individual.

“Hoje, a Sala do Empreendedor tem essa parte do MEI que não existia, onde a pessoa que quer abrir o MEI dela, não precisa ir até um escritório de contabilidade ou pagar um site para fazer isso. Aqui, um atendente vai sentar junto com essa pessoa e vai fazer pra ela”, afirma.

A Coordenadora da Sala do Empreendedor, Alexandra Fitareli,relatou a emoção de uma mulher que procurou a Sala do Empreendedor para abrir o seu MEI. “Outro dia veio aqui uma senhora, ela contou que o filho dela é autista e que ela ia abrir um cachorro-quente para o filho dela ajudar. Quando abrimos o MEI e passamos o número do CNPJ, ela começou a chorar. Depois ela voltou para fazer a inscrição para ter tudo regularizado e poder tirar nota”, conta.

Para abrir um MEI a pessoa deve levar alguns dados, como o RG, dados de contato e endereço residencial. O tipo de ocupação, forma atuação e local onde o negócio será realizado, além da conta cadastrada no gov.br, classificada em nível Prata ou Ouro.

Não podem se tornar MEI pessoas menores de 18 anos, exceto emancipados; pensionistas do RGPS /INSS por invalidez; servidor público federal em atividade e titular, sócio ou administrador de outra empresa.

Balcão de Oportunidades

Milena relata que em todas as visitas que fazia nas empresas, sempre escutava a mesma reclamação: falta de mão de obra para trabalhar. “A gente ouvia isso, mas a gente sabia que na cidade tinha gente procurando emprego e que não conseguiam chegar nessas empresas”, afirma.

Foi a partir dessa demanda, que em outubro de 2021 surgiu o Balcão de Oportunidades. “A gente entendia que quem estava desempregado não sabia de todas as empresas que têm em Bento Gonçalves, então, poderiam estar perdendo oportunidades de trabalhar em lugares em que poderiam se encaixar e receber um salário bom”, relata.

De acordo com Milena, o serviço funciona assim: os Recursos Humanos, conhecidos como RH das empresas, fornecem para a prefeitura as vagas disponíveis, então, essas vagas são lançadas no site da prefeitura. Quem estiver procurando emprego, consegue visualizar todas as vagas disponíveis e se cadastrar naquelas da qual se encaixam. “Então, a gente envia os currículos das pessoas cadastradas para as empresas, que analisam os currículos”, explica.

Atualmente, a prefeitura tem mais de 370 vagas em aberto, dos mais variados segmentos, disponíveis para a população visualizar e se cadastrar naquelas em que tem interesse. Também há vagas para Pessoa com Deficiência (PCD). “A gente faz o meio de campo totalmente de graça, a gente não cobra nada, de ninguém”, reforça.

Aquelas pessoas que sentirem dificuldade em manusear o site ou que não tiverem internet em casa, podem ir, pessoalmente, até a prefeitura para receber auxilio. “Não precisa ser só pelo site, quem tem dificuldade, pode vir aqui. Além disso, quem tem dificuldade em elaborar um currículo, a gente ajuda a elaborar também”, afirma.

Balcão do Primeiro Emprego

Outra demanda observada pela pasta foi quanto a dificuldade que as empresas encontravam para contratar Jovem Aprendiz. Foi a partir disso que surgiu o Balcão do Primeiro Emprego de Bento Gonçalves.

“A gente viu que tinha que se modernizar, que tínhamos que atingir esse público, porque a gente quer que eles comecem a entender o que é o mercado de trabalho. Tem muitos jovens que querem trabalhar, tem muitos que já trabalham e tem alguns que não sabem onde trabalhar”, afirma.

Para que esse serviço se torne ainda mais efetivo, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico visita todas as escolas municipais da cidade para fazer a divulgação. Nestas visitas sempre vai junto um empresário jovem para conversar e motivar os estudantes. “Então eles têm o espelho de pessoas de 23, de 24 anos que já são bem sucedidas”, finaliza.