Em meio a estratégias de recuperação, taxa de reprovação teve queda em 2020

Uma das grandes preocupações ligadas à pandemia, além da questão da saúde, está a manutenção da qualidade de ensino. Mesmo que as aulas em algumas redes de ensino, como a particular, a estadual e a municipal tenham retornado presencialmente entre setembro e outubro do ano passado, muitos alunos seguiram tendo aulas a distância. Alguns, adotaram o ensino híbrido – parte presencial, parte on-line. A reviravolta de datas, os protocolos específicos e a insegurança ligada ao Coronavírus tornaram o processo de aprender e ensinar um desafio para estudantes e professores. Mesmo assim, o resultado do fechamento das notas e dos registros de aproveitamento evidenciou uma redução na taxa de reprovação e desistências. 

De acordo com dados da secretaria de Educação de Bento Gonçalves, a taxa de reprovação no Ensino Fundamental e Médio teve uma redução média de mais de 75% – o valor ficou em 9,06% em 2019 e 2,20% em 2020 para o Ensino Fundamental; já o Médio passou de 5,50% para 1,21%. Em relação à taxa de desistência na Rede Municipal, a redução foi expressiva entre 2019 e 2020 no Ensino Médio e Infantil – 47% e 91% respectivamente. No Fundamental, a taxa teve leve aumento, subindo de 0,25% para 0,34%. 

A Rede Estadual de Ensino seguiu a recomendação do Conselho Nacional de Educação, evitando a reprovação de alunos em 2020. Por meio do parecer do Conselho, foram flexibilizados os critérios de avaliação, garantindo as ferramentas de recuperação para o ano seguinte.  De acordo com a diretora da escola Landell de Moura, Rosalice Rossetti Morbini, cerca de 35% dos alunos ficaram em recuperação – resultado semelhante do registrado em 2019. “Quem não atingiu a média durante o ano letivo teve uma nova oportunidade de avaliação, que ocorreu entre os dias 11 e 12/01”, explica. “Mesmo assim, se esses alunos não atingirem a média 5 nesta oportunidade, eles progridem para o próximo ano com recuperação assistida durante o ano letivo”, continua.

Os únicos estudantes que poderão ser reprovados, conforme a diretora, são aqueles do 9º ano do Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio, pois esses não teriam séries seguintes para dar continuidade de recuperação. Já conforme o coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE), Alexandre Misturini, os estudantes dessas séries apenas reprovarão se não tiverem feito nenhuma atividade durante o ano letivo. “O aluno que está em busca ativa e não fez nada poderá ser reprovado, porque ele sai da nossa rede e não vai ter como recuperar”, esclarece. A busca ativa nas escolas da Rede Estadual da região está sendo feita desde o mês de setembro. “As escolas ligam para os pais, em suas casas ou até mesmo em seus trabalhos, para que os alunos entreguem as atividades. Têm professores que foram até a casa dos alunos. O prazo final é até janeiro”, continua. 

Nova secretária analisa 2020


Secretária municipal de Educação, Adriane Zorzi

Na visão da nova secretária municipal de Educação, Adriane Zorzi, o processo de aprendizado em 2020, que seguirá neste ano, foi um momento de inovação e mudança, “que demandou comprometimento, empatia e abertura ao novo, ao diferente”. Para tanto, foi realizado um levantamento das famílias que tinham acesso à internet, além de um processo de conscientização dos professores e familiares sobre a necessidade da utilização da plataforma EducaWeb. “Para as famílias que não possuíam acesso à internet, cada escola disponibilizou as atividades impressas. Um dos profissionais da equipe diretiva realizava a entrega a um responsável e repassava todas as informações sobre as atividades”, recorda. 

Caso fossem identificados estudantes que estivessem distantes ou desconectados do processo, a secretária ressalta que as equipes das escolas contatavam as famílias e buscavam novas metodologias para aproximar o aluno. “Assim, tivemos um baixo número de alunos que não participaram permanentemente do processo”, afirma. De acordo com dados da secretaria, cerca de 8% dos estudantes não participaram das atividades. “Desses, temos os que tinham maior dificuldade de acesso e de apoio para a participação das aulas e realização das atividades, também os que foram para outros municípios e não comunicaram suas escolas”, explica. 

No momento do retorno presencial, Adriane pontua que os professores e as equipes diretivas buscaram auxiliar com atividades diferenciadas e atividades extras. “Com o retorno gradual e em menor número, puderam dar uma atenção especial a cada um e a cada uma das suas necessidades e dificuldades. Foram trabalhando com as prioridades de cada ano, cada turma e as habilidades que precisam ser trabalhadas em cada etapa”, comenta. “O professor, na necessidade de reinventar, conheceu novas facetas de seus alunos e trouxe metodologias mais dinâmicas e ativas. Também envolveu a família na realização das atividades e fez o aluno se desafiar a realizar [as atividades] da melhor maneira”, complementa. 

Por fim, a secretária analisa que, mesmo diante das adversidades e incertezas, o processo educativo aconteceu de forma positiva. “2020 mostrou que a escola pode e precisa estar atenta às mudanças para que possa ser acessível e oportunizar as mesmas possibilidades a todos, a partir de suas necessidades e interesses”, finaliza.