Em meio à pandemia, Bento tem aumento de quase 90% nos atendimentos de Saúde Mental

Mulheres são as que mais têm procurado auxílio psicológico no município. Já os principais quadros são de ansiedade e depressão

Foto: Divulgação/Prefeitura de Bento

O mês de janeiro foi escolhido mundialmente como um período de reflexão e conscientização quanto à importância do cuidado com a saúde mental. Neste ano, a 9ª edição da campanha Janeiro Branco traz como tema “O Mundo Pede Saúde Mental”. O assunto se torna ainda mais relevante em meio ao terceiro ano de pandemia da COVID-19, que tem impactado diretamente pessoas de todo o mundo. De acordo com publicação recente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), no Brasil mais de 40% dos cidadãos tiveram problemas de ansiedade durante a pandemia.

Em Bento Gonçalves, o aumento de atendimentos no setor de Saúde Mental durante o período foi de 89%. Diante desse cenário, a administração municipal ressalta as ações que, desde o começo deste mês de janeiro, têm sido fomentadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), a partir do atendimento de psicólogos. Atualmente, dez profissionais atuam em unidades do município e a média atual de atendimentos é de 750 mensais.

O coordenador do setor, Maurice Bowary, explica que o período atípico que se vive mundialmente potencializou uma pandemia que estava velada socialmente: a dos transtornos mentais, chamados de “sofrimento psíquico”. As causas disso, na visão do psicólogo, envolvem “experiências traumáticas vinculadas à contaminação ou à morte de entes queridos; o nascimento e agravamento do estresse oriundo das alterações na rotina diária em decorrência das medidas de distanciamento social; dificuldades econômicas geradas pelas mudanças nos processos de trabalho, bem como a descaracterização do mesmo; os grandes desgastes nas relações afetivas, entre outras”, cita. Bowary ainda justifica o aumento do sofrimento psíquico pela “adulteração nas estruturas comportamentais da sociedade, como espaços de ensino, trabalho, lazer e divertimento”. Com essas estruturas fechadas, houve uma alteração na relação presencial entre os indivíduos, que é essencial para a saúde mental.

No município, as mulheres são as que mais têm procurado os espaços de saúde em busca de auxílio psicológico. “As mulheres estão passando por conflitos pessoais, seja por alguma perda familiar, destacando a questão do luto, ou por problemas de dependência química, em especial o álcool. Se fosse em outro tempo eu diria que a demanda seria maior de crianças e adolescentes. Mas hoje mudou um pouco o cenário e muita coisa aconteceu nesse período de pandemia”, comenta a psicóloga responsável técnica do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), Natália Eckhardt. Já os principais quadros relativos à saúde mental no município são ansiedade e depressão.

Nas unidades de saúde, além dos atendimentos por agendamento, estão sendo realizadas ações de conscientização nas salas de espera, com conversas, orientações e entrega de folders explicativos sobre aspectos da saúde mental. “O trabalho de conscientização dos trabalhadores de Saúde mental ocorre diariamente, dentro do dinamismo e particularidade do ambiente de cada setor, através dos dispositivos quer sejam de ordem oral, escrita, tanto presenciais quanto virtuais, por intermédio de explanações, palestras, diálogos para grupos, bem como fazendo usufruto do alto alcance informativo das redes sociais”, explica Maurice Bowary. As reuniões de saúde mental são realizadas mensalmente, sendo divididas em três grupos: dois voltados para o público adulto e um para o adolescente, nos turnos da manhã e tarde. Os encontros ocorrem na UBSs, sempre acompanhados de um psicólogo para realizar as orientações.

Quem estiver precisando de ajuda pode se dirigir a qualquer unidade básica de saúde do município e externar sua situação. Além de profissionais preparados para realizar esse primeiro acolhimento, dependendo da necessidade a pessoa será encaminhada para o NASF-AB, onde receberá todo o suporte da rede de apoio à saúde mental.

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