Embriagados na ruas: não há solução definitiva

Homens de idade, maltrapilhos e geralmente bêbados. Em Bento Gonçalves, tem sido cada vez mais frequente encontrar pessoas com esse perfil dormindo por horas ao relento, muitas vezes em dias de chuva ou sob um sol escaldante. Quem se depara com essas cenas se sensibiliza e quer ajudar, mas não sabe como.

O dilema é que situações como essa são um impasse também para as autoridades. Por estarem bêbados, uma situação considerada escolha pessoal, pessoas deitadas nas ruas não estão entre as prioridades e podem desviar os atendimentos dos Bombeiros, Brigada Militar e Samu, ou seja, podem ocupar as viaturas, impedindo-as de atender alguma situação de real perigo ou risco de morte.

Para o secretário de Habitação e Assistência Social, Roberto Locatelli, usuários de álcool necessitam de acompanhamento de equipe especializada em saúde, como o Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps-AD). A dificuldade é que não existe um meio legal de obrigar dependentes a buscarem tratamento, processo que esbarra também na falta de interesse das famílias dos viciados. “A secretaria faz o papel de acompanhar, cadastrar e encaminhar para a rede para ser avaliado e atendido. Ocorre  que muitos não têm familiares ou os familiares não aceitam que retornem para suas casas. A adesão ao tratamento também é facultativa, pois o usuário pode se negar a aderir o tratamento”, relata.

O secretário de Saúde, Ivanir Zandoná, afirma que a Secretaria de Saúde é a única que pode tirar os bêbados da rua, mas que a solução é paleativa e temporária. Sem o consentimento da pessoa, porém, não há mais o que fazer a não ser higienização. “A equipe dá um banho, às vezes dá comida, mas depois disso eles vão embora. Por mais penosa que seja a situação, temos que ter em mente que eles acabam ocupando leitos e a estrutura, o que atrasa o atendimento de pessoas que realmente precisam por motivo de saúde”, afirma o secretário.

Segundo ele, há um homem que faz suas necessidades diariamente em frente a uma das unidades de saúde do município. “Ele tem casa e familiares, mas está sempre lá. Quem fica na fila tem que conviver com isso, é lamentável”, diz Zandoná. Há ainda, conforme o relato do secretário, os que agem de má fé e só vão para o Pronto Atendimento Médico 24 horas por saber que ganharão comida. “Eles vivem e se comportam como bichos e com isso outras pessoas são prejudicadas. Não querem ir para um abrigo e ao mesmo tempo não são doentes para que possamos internar. A única medida que entendo cabível é o tratamento, mas são raros os casos em que a pessoa aceita ajuda”, lamenta.

Casa de passagem

Uma das alternativas para moradores de rua seria a Casa de Passagem. As regras de convivência não permitem que pessoas alcoolizadas ou sob efeito de substância utilizem as instalações. Há também imposição de horários para refeições e descanso, o que afasta muitos moradores, acostumados à liberdade das ruas.

Solução

Nesta semana houve uma reunião no Samu que abordou, entre outros assuntos, o preocupante aumento no número de moradores de rua e de pessoas alcoolizadas. Segundo o coordenador do Samu, Rudinei Martins de Souza, uma das ideias que surgiram durante a reunião foi a criação de um fórum de debates que unisse esforços, envolvendo assistência social, Ministério Público e Samu na busca por alternativas.

Pessoas alcoolizadas são atendidas e, conforme a disponibilidade, recolhidas por uma unidade do Pronto Atendimento Médico 24 horas. O atendimento é feito pelos telefones (54) 3055 7303 ou 3453 7795

Para quem NÃO ligar

Bombeiros (telefone 193): A prioridade é resgate, busca e salvamento e ocorrências de emergência. A legislação não permite o transporte de pessoas embriagadas. Se ocorrer uma situação grave durante a remoção de alguém alcoolizado, a viatura estará ocupada e isto poderá gerar perda de vidas.

Brigada Militar (telefone 190): A prioridade da Brigada Militar é garantir a segurança. A menos que a pessoa esteja oferecendo risco sério para os outros ou para si, a BM não pode interferir. Embriaguez não é crime.

SAMU (telefone 192): Há uma determinação do Samu Metropolitano que não permite deslocamento das unidades para recolhimento de pessoas alcoolizadas. O Samu só pode atender em casos em que a pessoa embriagada apresente ferimentos graves.


Greice Scotton

Priscila Pilletti

 

Siga o SerraNossa!

Twitter: http://www.twitter.com/serranossa

Facebook: Jornal SerraNossa