Empresa espanhola fará painéis solares em Bento

O uso de energia solar, sobretudo residencial, já é relativamente difundido no Brasil, mas só para aquecimento de água. O aproveitamento de radiação solar para geração de energia elétrica é praticamente inexistente. O cenário pode mudar com a instalação em Bento Gonçalves da empresa Intéling Soluções Inteligentes, que utiliza tecnologia de ponta desenvolvida há mais de 15 anos pela empresa espanhola Ingenium. O investimento será de R$ 60 milhões e a previsão é que em 2016 inicie a produção de painéis fotovoltaicos, responsáveis pela conversão de energia solar.

A proposta do grupo espanhol prevê a nacionalização de componentes dos painéis fotovoltaicos desenvolvidos em conjunto com empresas brasileiras e integra o Plano de Nacionalização Progressiva (PNP) do BNDES para o setor de geração de energia solar. O projeto final de instalação deve ser apresentado nos próximos dias. No entanto, a negociação com os espanhóis está concluída e confirmada para Bento Gonçalves.

A empresa já está instalada no município, no bairro Imigrante, mas ainda não começou a operar. Sua atuação se dará também na área de automação predial, com foco voltado para a economia de energia. De acordo com o sócio-proprietário Javier Valero Sánchez, a previsão é que a produção nesta área inicie já em agosto deste ano. O maquinário utilizado já foi importado da Europa e deve chegar à cidade nos próximos meses. A empresa está sediada em Lajeado e planeja abrir também uma filial em Florianópolis (SC) para dar suporte técnico. Os produtos comercializados, que até então são importados, passarão a ser produzidos no Brasil, exclusivamente no parque fabril em Bento Gonçalves.

No caso dos painéis fotovoltaicos, o grupo ainda está em tratativas quanto à localização da fábrica. A empresa trabalha com a possibilidade de iniciar a produção em um local provisório enquanto trabalha na construção de um novo pavilhão. “Temos uma demanda grande reprimida e, tendo em vista a situação energética do país, queremos iniciar a produção o quanto antes”, afirma Sánchez.

Potencial da Serra

A Serra Gaúcha foi escolhida em virtude do poder econômico, do perfil empreendedor e da capacidade de desenvolvimento. “Pesquisamos vários locais, mas aqui era o lugar certo para nos instalarmos”, resume o empresário.  Além de empregos diretos – especialmente para profissionais nas áreas de engenharia e mão de obra para a linha de produção, que é robotizada – a instalação da empresa abrirá um leque importante também de empregos indiretos, desde os insumos utilizados na fabricação até empresas especializadas na instalação dos painéis.

Sánchez considera o negócio inovador e explica que não há empresas que fabriquem este tipo de tecnologia no Brasil e nem na América Latina. A empresa também irá estudar as necessidades tecnológicas locais e irá trabalhar, no laboratório instalado em Porto Alegre, soluções para o desenvolvimento de novos produtos.

Interesse crescente

Em setembro do ano passado, o SERRANOSSA havia noticiado a instalação da Dalca Brasil, que possui parceria com a italiana Casarini Robótica, no bairro Licorsul. Na época, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Neri Mazzochin havia confirmado o interesse dos espanhóis e afirmou que as tratativas já estavam em andamento. Conforme a prefeitura, em 2014, cinco novas empresas iniciaram as operações em Bento, além da construção do novo moinho de trigo do grupo M Dias Branco, cujas obras já começaram. Mazzochin destaca ainda que o município está em negociação com outras empresas estrangeiras que já manifestaram interesse em fixar-se em Bento Gonçalves. Ele ressalta que os investimentos foram atraídos sem o dispêndio de recursos públicos.

De acordo com o secretário, a vinda da Intéling trará mais desenvolvimento ao município. “Isso vai possibilitar que as empresas se instalem em qualquer local, mesmo onde não haja energia elétrica. Outra vantagem é que o custo desse tipo de energia é mais barato. A assistência prestada às outras empresas irá aumentar a capacidade de produção com redução de custos”, explica o secretário.

Reportagem: Carina Furlanetto

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