Empresa pede novo prazo e obras do túnel do São João devem ser concluídas apenas em maio
Após a prorrogação de contrato em dezembro, a previsão era que as obras fossem finalizadas no primeiro quadrimestre deste ano
Mais uma mudança de prazo na entrega do túnel do São João foi informada pela prefeitura de Bento Gonçalves. De acordo com o IPURB, o consórcio responsável pela execução das obras solicitou um aditivo de prazo de mais 60 dias. Em dezembro, o contrato com o consórcio havia sido prorrogado por 90 dias, finalizando em 14/03. Com isso, a previsão era de que as obras fossem concluídas no primeiro quadrimestre deste ano.
Com esse novo aditivo de prazo, a expectativa agora é que as obras sejam finalizadas apenas em maio. “Estamos falando da maior obra de Bento Gonçalves dos últimos 50 anos. Uma obra grande, que envolve questões técnicas e é passível de alterações e intempéries como clima, falta de mão de obra e atraso no material”, comenta a diretora do IPURB, Melissa Bertoletti Gauer.
A construção do túnel que irá ligar os bairros Maria Goretti e São Roque ao São João teve início ainda em agosto de 2020 e tinha previsão inicial de conclusão em 10 meses. Desde então, a data tem sido modificada. Segundo Melissa, diversos fatores teriam ocasionado o atraso da obra, como a necessidade de readequação de uma adutora da Corsan, a escassez de matéria-prima no mercado, questões envolvendo a pandemia e a falta de mão de obra.
Agora, conforme o IPURB, ainda precisam ser finalizados a laje superior do túnel, o muro de contenção, asfaltamento em alguns pontos, sinalização horizontal e vertical e paisagismo. No local houve escavação de 29.000m³ na categoria 1 e 2 e 13.000m³ na categoria 3 – tipos de rocha.
A estrutura tem 5,5 metros de profundidade e duas pistas de tráfego com quatro metros cada. A restrição de tráfego será para caminhões bitrem ou aqueles com porte acima desse. O IPURB afirma que demais veículos não terão objeções.
A prefeitura afirma que o valor total da obra segue o mesmo divulgado ainda no fim do ano passado, quando houve um aditivo de valor (R$ 1.512.796,20), um reajuste (R$ 241.146,09) e um reequilíbrio econômico financeiro (R$ 249.396,88) cedidos ao consórcio Túnel Bento Gonçalves, composto pelas empresas Engedal e Continental. O valor de mais de R$ 13,4 milhões representa um aumento de cerca de 40% do orçamento inicial, que era de R$ 9,5 milhões.
No total, ao longo das obras, foram concedidos dois aditivos de valor, que estão dentro dos 25% do valor total da obra, já que não é possível ultrapassar essa porcentagem. Os reajustes foram repassados de acordo com o aumento dos preços dos insumos, com referência na tabela Sinapi. Já o reequilíbrio financeiro é feito anualmente, já previsto em contrato.
No último aditivo de valor foram contemplados três serviços extras daqueles previstos inicialmente: terraplanagem, pavimentação asfáltica e serviços de drenagem. De acordo com o IPURB, em relação à terraplanagem, “a quantidade do volume de escavação de 3ª categoria é maior que do volume do contrato original. Isso foi constatado durante a obra”, afirmou a diretora na época.
Já sobre a pavimentação, o IPURB explica que foi necessária a correção de pavimentos danificados pelo remanejamento da rede de água tratada. Por fim, os serviços de drenagem, conforme o IPURB, foram necessários “para dimensionar novos dispositivos de drenagem capazes de orientar e conduzir as águas para o talvegue imediatamente após a interseção, a fim de coletar e direcionar as águas em escoamento”, detalhou a diretora.
Transtorno para os moradores
Apesar de entenderem a importância da obra para o município, moradores e empresários do São João continuam relatando diversos transtornos diários para acessar o bairro. Uma moradora de 25 anos, que utiliza carro e ônibus para se deslocar na cidade, ressalta os perigos que a construção do túnel tem trazido para quem transita pelo local. “A via não está bem sinalizada e várias vezes presenciei ‘quase’ acidentes. Para atravessar a pé então, nem se fala, não tem nenhuma segurança”, relata.
Já uma empresária do bairro complementa a fala da moradora frisando o longo tempo de espera para conseguir sair e entrar do São João. Segundo ela, em dias considerados “bons”, são necessários cerca de 15 minutos. Já em dias “ruins”, mais movimentados, o deslocamento no local pode demorar até 25 minutos. “Precisamos ir até o bairro São Roque, onde já tem um movimento acima do normal, entrar na BR-470, fazer o retorno e enfim chegar ao bairro”, conta. “Outra saída é vir pela BR-470, descendo pelo Maria Goretti. Mas como é proibido atravessar o asfalto no acesso próximo à empresa MaquinaPack, ainda assim temos que ir até esse retorno que passa a Dellanno”, complementa.
Já para sair do bairro, a empresária relata que alguns motoristas se arriscam e atravessam o asfalto para seguir sentido São Roque. Entretanto, a saída correta é seguir viagem sentido Pipa Pórtico, para conseguir fazer o contorno mais à frente. “Como estamos falando de centenas de pessoas buscando essas alternativas, imaginem o tempo que leva. Os momentos mais críticos são pela manhã, por volta das 7h, e final do dia. A gente sai 10 minutos antes da empresa para se livrar do movimento todo”, comenta.
Conforme a empresária, a espera para a conclusão de obra já passou do aceitável. “Estamos vivendo essa obra há quase dois anos. É um total descaso e falta de empatia com a comunidade em geral. Essa demora nos deixa tristes e impacientes”, lamenta. “Acho que o bairro merecia mais cuidado, um controle de trânsito adequado, para nos permitir chegar e sair do bairro com mais agilidade e segurança”, sugere a empresária.