Empresária raspa o cabelo para apoiar irmã no tratamento do câncer
Patrícia Locatelli Moro, de 41 anos, surpreendeu a irmã Paloma Moro, de 27 anos, que há pouco mais de um mês iniciou a longa e difícil batalha contra o câncer
O tradicional churrasco da família Moro foi diferente no dia 26 de outubro deste ano. A caçula da família de três irmãs, Paloma Moro, de 27 anos, queixava-se de dor no corpo e estava preocupada com estranhas manchas na pele. No decorrer da tarde, a família observou um sangramento na gengiva, o que preocupou a todos. Dias depois, o diagnóstico de Leucemia Mieloide Aguda (LMA) transformaria a rotina e a vida de toda a família.
Casada, mãe de dois filhos, de 11 e 5 anos, Paloma saiu de um encontro de família, rodeada de amor e de brincadeiras com as crianças, para o hospital, onde permaneceu por longos 30 dias. Neste período, uma pessoa não saiu do seu lado: sua irmã e melhor amiga Patrícia Locatelli Moro, de 41 anos. A empresária fez questão de ficar ao lado de sua irmã antes mesmo do diagnóstico. “As primeiras semanas foram de choque, especialmente quando o médico disse que ia passar 30 dias no hospital sem pode ver meus filhos. Com o passar dos dias, a ficha ainda não tinha caído e só me dei conta quando iniciei as quimioterapias e os efeitos apareceram: dor no corpo, enjoos, aftas e uma sensação horrível”, comenta Paloma.
Patrícia acompanhou as angústias e sofrimento na irmã. “Foram dias de muitas descobertas. A cada picada em suas veias, em cada novo hematoma que aparecia, eu me ajoelhava e pedia a Deus para Ele cuidar e nos fortalecer, pois sabia que esse era apenas o início. Se eu pudesse, certamente trocaria de lugar com ela”, confessa.
QUEDA DE CABELO
Poucos dias depois do início do tratamento, a temida queda de cabelo chegou. “A gente sempre pensa que, de repente, não vai precisar raspar, porque no início eles vão caindo aos poucos. Passam os dias, e daí não dá para ficar com eles soltos, não dá mais para escovar e chega um dia que o corte é inevitável”, comenta Paloma. Ela, que queria viver este momento em casa, acabou tendo que raspar no próprio hospital. “De todos os procedimentos que eu tive que fazer, o dia que raspei o cabelo foi o que mais me marcou. Eu queria tanto gritar e chorar, mas não consegui. Ficaram presos dentro do meu peito”, descreve Paloma.
O que ela não imaginava é que a força que precisava estava sentada ao seu lado. Sua irmã Patrícia, vendo a angústia da irmã, escolheu raspar o cabelo também. “Eu já tinha vontade de ter o cabelo mais curto, mas jamais pensei em raspar. Mas quando a vi, não pensei duas vezes. Conversei com meu marido e minha filha e eles, como sempre, me apoiaram e incentivaram. Quis mostrar para minha irmã que, de alguma forma, eu estou com ela seja como for e onde for”, conta Patrícia.
Quando ela contou para Paloma que também rasparia o cabelo a emoção tomou conta. “Choramos muito. Ela ainda falou que meu cabelo era tão bonito, mas reiterei que cabelo cresce e que estamos juntas nessa jornada”, garante. “Ficamos duas carecas com papadinhas, bem lindas”, diverte-se Patrícia.
Hoje, em tratamento contra a doença em casa, as duas seguem juntas, sempre se apoiando. “Eu sei que o tratamento é longo e dolorido. O que me dá esperança é que ela tem cura e eu preciso ficar bem, porque tenho meus filhos, minha família e muito ainda pra viver!”, garante Paloma. “Minha ligação com minha irmã é algo que não sei explicar em palavras. Ela foi enviada para mim para me mostrar que é importante perdoar, amar, zelar, cuidar, guiar. Estamos vivendo um dia de cada vez com fé da sua cura e sabendo que o caminho pra isso é longo e nada fácil, mas creio na remissão total da sua doença, pois Deus está nos guiando pra isso”, complementa Patrícia.
Com tanto amor e carinho envolvidos, certamente a trajetória até a cura será de muita cumplicidade e empatia.