A vocação empreendedora de Bento Gonçalves é confirmada pelos números e conhecida pelo desenvolvimento conquistado nas últimas décadas. Conforme dados de 2012, da Revista Panorama Socioeconômico, o município tem uma empresa para cada dez habitantes. Embora o ramo de serviços seja mais numeroso, a indústria é a que mais fatura, com 68% de participação da economia. O interesse em abrir novos negócios no município vem também de empresários de outras cidades e até mesmo de outros países. De acordo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Neri Mazzochin, duas empresas estrangeiras, da Itália e da Espanha, já confirmaram a vinda para Bento.
A empresa italiana, especializada em robótica, firmou parceria com um empresário local e será a primeira da área na região. A instalação da estrutura inicial, no bairro Licorsul, já foi concluída e está em operação, mas deve ser expandida de forma gradativa. No caso da empresa espanhola, que atua na área de automação, as tratativas ainda estão em andamento, de forma bastante positiva. “O retorno destas empresas para o município não será tanto na geração de empregos, mas em impostos, em virtude do alto valor dos produtos”, comenta Mazzochin.
Além delas, já confirmaram a vinda para o município mais três companhias nacionais que darão suporte para a indústria moveleira, e mais uma brasileira de tecnologia menifestou interesse. “Elas não serão concorrentes, virão para beneficiar as empresas já existentes”, explica. Outra empresa italiana, do ramo de estofados, já está em contato com a prefeitura e entidades, também discutindo a possibilidade de vinda para Bento.
Mazzochin explica ainda que o principal interesse por Bento foi o suporte técnico na área de conhecimento, em razão das universidades e centros tecnológicos, e o fato destas empresas não precisarem de grandes espaços físicos. “Não teríamos como pensar em trazer uma GM ou uma Ford, por exemplo, em virtude da falta de grandes loteamentos”, comenta.
Eixos de Governo
A atração de novas empresas para o município integra o Desenvolve Bento, um dos cinco programas estruturantes anunciados pelo prefeito Guilherme Pasin nesta semana. São eixos que envolvem um trabalho conjunto entre as secretarias, com ações específicas e com metas impostas aos secretários, e que marcarão a segunda metade do mandato. “Estes programas impõem à administração processos e ações diferenciadas que já fazem parte da iniciativa privada, mas que ainda são inovações para o setor público. Queremos organizar as prioridades do nosso governo. Governar é isso: escolher é o que é mais importante e, a partir disso, saber dizer sim e não”, pontua Pasin.
Polo industrial consolidado atraiu italianos à região
O que pesou para os empresários italianos da Casarini Robótica para firmarem parceria com uma empresa de Bento Gonçalves foi o polo industrial consolidado na região – no setor metalmecânico, em Caxias do Sul, e no ramo moveleiro, em Bento Gonçalves. O diretor comercial da Dalca Brasil, Bruno Dal Fré, relata que, inicialmente, os italianos pretendiam instalar-se em São Paulo. “Além de eu ser daqui, os empresários enxergaram grande possibilidade de negócios na região e por isso fecharam a parceria”, conta.
A empresa já está em funcionamento e tem capacidade atual para produção de até duas células robotizadas por mês. Podem ser desenvolvidos sistemas robóticos para soldagem, paletização e manipulação, carga/descarga de máquinas, montagem automática, corte e acabamento.
Apesar do espaço físico reduzido – são 600 m² e cinco funcionários – o faturamento e o valor agregado são altos, garantindo um bom retorno para o município. Os empregos gerados são na área técnica, já que cada célula robotizada, cujo valor mínimo é de R$ 250 mil, é personalizada para as necessidades dos clientes. Dal Fré defende a viabilidade do negócio, não só para grandes empresas, mas também para as pequenas e médias. “Ao mesmo tempo em que há carência de mão de oba especializada e aumento dos salários, houve diminuição do valor dos robôs”, explica. Segundo ele, o foco da robótica não é, necessariamente, substituir a mão de obra humana nas indústrias, e sim, diminuir situações de risco para os operadores de máquinas. “O Brasil vive agora o que a Europa viveu nos anos 90. As empresas de lá que não investiram em tecnologia enfrentaram um alto custo de produção e foram obrigadas a fechar o negócio”, complementa.
Programas estruturantes
Cultura do Saber: envolve as secretarias de Educação, Cultura e Juventude, Esporte e Lazer em ações como contraturno escolar, construção de novas escolas e a valorização dos talentos locais.
Viver bem: diz respeito à qualidade de vida. Destacam-se os investimentos em especialidades médicas, consultas e aumento no número de atendimentos na saúde, instalação de academias nas praças, projetos na área de assistência social e implantação do Policiamento Comunitário.
Mais Gestão: tem o foco na transparência e na seriedade no uso do dinheiro público. Alguns destaques são o Programa Municipal de Educação Fiscal, a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), o novo Código Tributário Municipal e os reajustes salariais aos servidores municipais.
Nova Cidade: destaque para a mobilidade e o planejamento urbano. Entre os exemplos, estão as obras de mobilidade urbana com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), pavimentações no interior, implantação da ciclofaixa e das faixas seletivas e a revisão do Plano Diretor.
Desenvolve Bento: busca valorizar os motores da economia bento-gonçalvense, com destaque para a atuação das secretarias de Turismo e de Desenvolvimento Econômico.
Reportagem: Carina Furlanetto
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