Ensino Médio do Colégio Landell deve ser realocado para prédio onde funciona a UERGS

A polêmica envolvendo mudanças no Ensino Médio do Colégio Estadual Landell de Moura segue mobilizando alunos. Nas últimas semanas, a incerteza ganhou tal forma que três deles organizaram uma comissão que busca principalmente respostas. A escola é uma das mais antigas instituições de ensino de Bento Gonçalves, com mais de 40 anos de história.

Os membros da comissão, estudantes com idades entre 16 e 17 anos que tiveram a identidade preservada pelo SERRANOSSA, dizem que o objetivo principal é esclarecer uma série de informações desencontradas. “Estamos preocupados com todas as consequências que uma mudança desse nível trará não apenas para nós, mas para quem hoje está no Fundamental. Não há possibilidade de fazer as mudanças sem deslocar o Ensino Médio? Se for realocado, para onde? Na nova escola haverá condições de acessibilidade para portadores de necessidades especiais? Como estão as condições estruturais? As famílias serão obrigadas a comprar novos uniformes? Haverá transporte? A contribuição paga ao CPM [Círculo de Pais e Mestres] será devolvida? Ficaremos sem professor? São muitas perguntas que temos”, indagam.

 


Foto: Greice Scotton Locatelli

 

Alguns desses questionamentos foram respondidos nesta semana pela 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE), Alexandre Misturini, que se reuniu tanto com a comissão de estudantes quanto com a direção da escola após o assunto se tornar pauta na imprensa. “Não há polêmica, apenas uma mudança de prédio que não trará prejuízos nem para os alunos nem para os professores. O município negociou diretamente com o Estado uma cessão de uso do prédio onde funciona o Landell, com isso, as turmas de Ensino Médio serão realocadas, provavelmente para a Escola Bento [no prédio da rua Benjamin Constant, hoje sede da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS]. Não temos definição sobre datas, já que depende de etapas burocráticas e de conversas entre a prefeitura, o Estado e a UERGS”, detalha. Um dos argumentos para a mudança é que o Landell está “subdimensionado” – antigamente o educandário chegou a contabilizar mais de mil matriculados, número que hoje é de cerca de 300.

Ele defende que a medida trará uma série de benefícios para a comunidade: “Trata-se de uma otimização de espaços e de dinheiro público, uma troca de local entre dois prédios que pertencem ao Estado. Ninguém será prejudicado, os alunos terão aula normalmente, só que em outro local. Será um processo positivo para todos”, garante. “Eu entendo que há um amor pelas raízes, uma resistência natural à mudança, a sair da zona de conforto. Eu respeito a voz dos alunos e compreendo. Eu mesmo já trabalhei lá, mas os tempos mudaram. Haverá melhorias na oferta de vagas na Educação Infantil e incremento no ensino público Superior em Bento Gonçalves”, enfatiza. De acordo com o coordenador, na próxima semana será feita uma visita à Escola Bento, junto com a direção do Colégio Landell, para verificar a situação do local e se há necessidade de adaptações.

 


Foto: Greice Scotton Locatelli

 

A prefeitura reforça que não há nada oficializado ainda, mas confirma que a ideia é que o município assuma as turmas de Ensino Fundamental do Landell e possa utilizar a estrutura já existente para alocar estudantes matriculados na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Fenavinho. Com isso seria possível ampliar a oferta de vagas para a Educação Infantil. “A ideia surgiu para atender a demanda dos bairros próximos, Vila Nova, Vila Nova II, Fenavinho e Eucaliptos. Desde 2017 o Estado apresenta aos municípios a oferta de municipalizações. Ninguém perderá vaga, nem os alunos nem os professores”, garante a secretária municipal de Educação, Iraci Luchese Vasquez. “A EMEF Fenavinho será levada para lá e o município assumirá todo o Ensino Fundamental do Landell, bem como os profissionais que desejarem permanecer. O Médio será transferido para outra escola estadual, pois é de responsabilidade exclusiva do Estado, o município não pode assumir”, explica. Questionada sobre os prazos, Iraci informou que o processo está em andamento: “Pretendemos ainda neste ano organizar e atender os alunos, assim que concluirmos a documentação”.