Entidades solicitam a suspensão do projeto de revisão do Plano Diretor de Bento

As seis entidades, que fazem parte do Complan, afirmam que os projetos de alteração no Plano Diretor estão sendo feitos de forma acelerada e sem diálogo com as comunidades afetadas

Registro durante a realização da 1ª Audiência Pública, na comunidade 8 da Graciema. Foto: Câmara Bento

O projeto de revisão do Plano Diretor de Bento Gonçalves continua a causar polêmica por onde passa. Na última quinta-feira, 08/09, foi realizada a primeira Audiência Pública, no 8 da Graciema. Após o encontro, os conselheiros municipais membros do Conselho Municipal de Planejamento Urbano (Complan), representantes de seis entidades, solicitaram que os dois projetos que promovem mudanças no Plano Diretor (PLCs 10 e 12/2022) sejam retirados pela prefeitura de Bento Gonçalves.

As entidades solicitantes são: Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção de Bento Gonçalves, Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Região dos Vinhedos (AERV) e o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

No documento de 11 páginas, que pode ser conferido aqui, o grupo dá destaque para as alterações na composição do Complan proposta pelo PLC 12/2022. Nele, a prefeitura informa que a vaga antes ocupada pela Procuradoria-Geral do Município será, agora, de um representante da Secretaria Geral de Governo, “setor que vem acompanhando, de fato, os projetos exercidos pelo Conselho”, diz o projeto.

No manifesto, as entidades afirmam que em momento algum essa mudança foi discutida com o Conselho, o que fugiria do rito legal. “Entendemos que há equívoco do Sr. Prefeito ao remeter a solicitação de alteração da composição do COMPLAN diretamente à Câmara de Vereadores, uma vez que o Projeto de Lei 12/2022 não observou o referido art. 3 da Lei Complementar nº 200/2018, o qual determina que qualquer proposta de alteração na legislação, não poderá ser encaminhada ‘sem prévia verificação’ do Conselho Municipal, ou seja, qualquer alteração proposta deve primeiramente ser encaminhada ao Complan, o que não ocorreu.”

As entidades também relembram o amplo debate técnico e estudos feitos para a revisão do Plano Diretor realizada em 2018, com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e que está em vigor. O atual projeto de revisão é baseado em uma ata de reunião do Complan de 2019. Em determinado ponto, as entidades citam as mais de 40 emendas protocoladas pelos vereadores (33 no PLO 10, 8 no PLO 12). Elas ressaltam a necessidade de um amplo debate e análise dessas informações. De acordo com o documento, pode-se perceber que essas novas alterações terão impactos ambientais, morfológicos, sob o trânsito de veículos, equipamentos urbanos, entre outros.

“Lembrando que a Lei 200/2018, da forma que está em vigor, necessita de correções, mas em
nada prejudica o desempenho da construção civil no Município, sendo que se sugere consulta junto
ao IPURB (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano), para quantificar os inúmeros processos
existentes para aprovação de projetos, licenças de construção de novas obras e de reforma de
edificações, bem como, a realização de novos loteamentos e condomínios”, diz o manifesto.

Por fim, é destacado que Bento é uma cidade em constante crescimento, que diversos empreendimentos estão sendo erguidos, gerando emprego e renda. “Neste contexto, não existem motivos relevantes para a ocorrência de uma ampla revisão no Plano Diretor Municipal na forma como está sendo proposta, tendo em vista o curto lapso temporal 10 da última grande revisão (2018), e que, no ponto de vista técnico, é no mínimo equivocado, pois uma revisão tão célere, abrupta e sem o respeito aos ditames preconizados pelas leis pertinente, certamente trará infindáveis prejuízos à população de nosso Município”, conclui.

Ainda é citado que algumas das propostas irão diminuir a qualidade de vida da população de Bento Gonçalves e o meio ambiente da cidade, o que seria irreparável. “É fato que, para o respeito e cumprimento da legislação atual, obrigatoriamente deve-se levar em conta o poder soberano e democrático da população, principalmente aquela que será impactada com as mudanças requeridas, pois serão os mais afetados e devem serem ouvidos e atendidos pelo Poder Público.”

O documento pode ser lido na íntegra aqui.