ENTREVISTA: “Vou morar em Bento quando chegar à reserva”, diz coronel Guerra.

Na última segunda-feira, dia 11, após dois anos à frente do 6° Batalhão de Comunicações de Bento Gonçalves (6º BCom), o coronel Lúcio Mauro Villote Moreira Guerra passou o cargo de comandante ao tenente-coronel Nelson Marinho de Bastos Junior, em solenidade de transmissão de cargo que contou com a presença do comandante da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada General de Brigada Carlos Alberto Dahmer. Antes disso, porém, Guerra concedeu uma entrevista ao SERRANOSSA, para avaliar sua passagem por Bento, cidade que o conquistou e onde pretende voltar a morar futuramente. Confira os principais trechos.

SERRANOSSA – Como o senhor avalia estes dois anos no comando do 6º BCom?

Lúcio Guerra – Excepcionais. Foi um período intenso, de muito trabalho e com muitos desafios. O comando é o coroamento da carreira de um oficial. Durante esses anos, realizei-me profissionalmente e tive a honra de comandar o 6º BCom, um tradicional batalhão, justamente em um período de reestruturação.

SN – Falando nisso, como anda essa reestruturação?

Guerra – O processo teve início em 2016. Perdemos um terço do efetivo e quase metade do material para comunicações e das viaturas. Apesar das perdas, o 6º BCom manteve seu elevado padrão de apoio operacional, cumprindo com eficiência e eficácia todas as missões administrativas, logísticas e operacionais. O Plano de Estruturação do Exército para o quadriênio 2016 – 2019 previu a criação da 8ª Companhia de Comunicação e da 15ª Companhia Mecanizada a partir do batalhão. Essas novas companhias foram implantadas com sucesso, tendo sido dado prosseguimento ao planejado, ou seja, a 15ª seguindo para Cascavel (PR) e a 8ª permanecendo em Bento. O plano previa o início da transferência do Batalhão para Curitiba a partir de 2018, porém na nova versão atualizada do referido plano, essa transferência de sede do 6º BCom será estudada ao longo do próximo ano.

SN – O senhor encabeçou projetos importantes na cidade, especialmente em parceria com as entidades locais, como de qualificação profissional. Como foi trabalhar nas questões sociais do município?

Guerra – Foram inúmeras parcerias. O batalhão teve a honra de participar de um conjunto de atividades com o Lar do Ancião, a Liga de Combate ao Câncer, a Conquistar, a Abraçaí, o Rotary, a ExpoBento, e as prefeituras de Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira, Monte Belo e Santa Tereza, além de diversas escolas locais. Interagimos com o Senac e Senai, recebendo grande apoio dessas entidades na qualificação de militares e dos meninos integrantes do Pelotão Curumim. Foram anos intensos e de muita satisfação.

SN – Nestes dois anos, observou-se que o senhor também procurou se inserir ativamente nas atividades da comunidade, participando de eventos, ações sociais e jantares comunitários, tendo, inclusive, promovido diversas formaturas, abrindo as portas do Batalhão para a comunidade. Que retornos o senhor teve com essas experiências?

Guerra – O Batalhão integra a sociedade bento-gonçalvense e devemos à comunidade a criação dele, pois foi por intermédio do apelo de Bento Gonçalves que o então presidente Geisel decidiu criar o 6º BCom. A maioria dos nossos militares são naturais daqui. Somos “o braço forte e a mão amiga”. A nossa participação buscou apoiar o máximo que pudemos todas as ações comunitárias. Procurei participar do maior número possível de atividades para conhecer as pessoas e, desta forma, estreitar ainda mais os laços com as instituições da cidade. Muitas parcerias só foram possíveis graças a essa proximidade. Realizamos inúmeras formaturas de encontro de classes de reservistas, recebendo ex-integrantes do 1º Batalhão Ferroviário e do 6º BCom, que aqui relembraram os momentos vividos na caserna, demonstrando todo o seu amor à pátria e ao Exército Brasileiro. Nossas formaturas comemorativas contaram com a participação ativa de inúmeras pessoas. Essas experiências marcaram sobremaneira meu comando e minha vida. As lembranças aqui vivenciadas ecoarão pela eternidade em minha memória, deixando marcas profundas no meu coração.

SN – O senhor parte agora para a Colômbia. Quanto tempo permanecerá por lá e qual será, efetivamente, sua missão?

Guerra – Permanecerei em Bogotá por um ano, participando de um curso de política e estratégia, denominado Curso de Altos Estudos Militares, na Escola Superior de Guerra do Exército Colombiano.

SN – O senhor já mostrou vontade de voltar a morar em Bento quando chegar à reserva. O que levou o levou tomar esta decisão?

Guerra – Já decidi que, quando for para a reserva, virei residir em Bento. A cidade é muito linda e possui excepcional qualidade de vida. Muito superior a diversas cidades pelas quais passei. As belezas naturais que a Serra Gaúcha oferece, juntamente com o turismo e a gastronomia, são atrativos consideráveis. Porém, o fator determinante que me fez escolher Bento como minha terra, foram as pessoas que aqui conheci. Fiz inúmeras amizades e muitos irmãos. Não somente eu, mas toda minha família foi cativada. O amor do bento-gonçalvense por sua terra, a dedicação ao trabalho, a vontade de transformar e melhorar o ambiente ao seu redor e, principalmente, o amor ao próximo, revelado pelo grande número de entidades e ações beneficentes exemplificam minhas palavras. Fomos muito felizes nesses dois últimos anos. Vamos ir com o coração partido. Muito obrigado a toda a comunidade que nos acolheu e apoiou. Somos muito gratos. Esperançosos de que o Senhor dos Exércitos, Criador dos Céus e da Terra, proteja-nos e que nos traga muito em breve de volta. Não diremos adeus, mas um até já, Serra!