Equilíbrio financeiro e afetivo

Além de saúde, tudo o que as pessoas mais desejam é realização afetiva e financeira. Mas de nada adianta ser saudável, ter afeto e dinheiro se não houver cuidados para preservá-los. Visando ajudar as pessoas a lidar de forma equilibrada e próspera com as finanças e sentimentos, a consultora e psicanalista Márcia Tolotti, de Caxias do Sul, escreveu o livro “O Desafio da Independência Financeira e Afetiva”, que já está na décima edição. A obra aborda a relação entre afeto e dinheiro, apresentando maneiras de lidar com essa dualidade que muitas vezes compromete a felicidade e a tranquilidade. 

Em entrevista exclusiva ao SERRANOSSA, a especialista dá dicas de como se relacionar de forma sustentável com os ganhos. A organização financeira proposta pela consultora não é radical, permitindo luxos e supérfluos. Ela dá dicas, também, de como cuidar da vida sentimental, não indicando uma única fonte de afeto para a felicidade. 

Márcia Tolotti coordenou os primeiros programas de educação financeira In Company do Brasil. É pós-graduada em Marketing, psicanalista, graduada em Psicologia e mestre em Letras e Cultura. Foi criadora do Método STOP, direcionado a lidar com escolhas financeiras. É professora, palestrante, colunista e escritora.

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Jornal SERRANOSSA: Como desenvolver a inteligência financeira?

Márcia Tolotti: Através de duas formas básicas: a primeira é desenvolvendo o controle emocional diante dos apelos de consumo; a segunda é buscando conhecimento básico, como saber negociar taxa de juros e que tipos de investimentos existem, por exemplo.

SERRANOSSA: Qual é a forma mais saudável de se relacionar com o dinheiro?

Márcia: Através do equilíbrio. Independente da remuneração, é importante que a pessoa reserve um pouco para o futuro, cerca de 10%, não perca dinheiro em juros e se permita gastos extras, com luxos e supérfluos, mas sempre dentro do orçamento. Se a pessoa faz reserva e não perde dinheiro, por que não aproveitar sua vida?

 
SERRANOSSA: Qual é a sua dica para uma relação sustentável com o dinheiro?

Márcia: Reforço a questão anterior e amplio para o seguinte questionamento: para que o dinheiro é buscado? Analisar qual é o lugar que o dinheiro ocupa é fundamental. E não falamos do óbvio sentimento de segurança que ele traz. Pesquisas mostram que, depois de um determinado patamar de ganhos, o dinheiro não traz mais segurança, então por que a humanidade insiste em acumular tanto? Portanto, saber qual de fato é o valor que o dinheiro tem é imprescindível para que se tenha uma relação saudável. Tanto a escassez quanto o acúmulo são prejudiciais. Agora, o mais importante é não confundir dinheiro com felicidade, porque aí estaremos monetarizando os sentimentos, ou mensurando nossa felicidade.

SERRANOSSA: É comum, nos novos relacionamentos, as pessoas terem o impulso de querer impressionar e, com isso, acabam gastando mais do que podem. Qual é o seu conselho para lidar com esse tipo de impulso?

Márcia: Começamos por entender que, nesse caso, não é investimento, é gasto. É normal gastar com o outro no começo de um relacionamento e, nem sempre, é para impressionar. Muitas vezes é porque queremos dar o melhor para quem estamos enamorados. Então daremos o melhor, inclusive financeiramente. Ninguém corre risco de se atrapalhar financeiramente se fizer isso, até porque estará envolvido em uma relação amorosa e não destrutiva. Agora se a pessoa faz isso mesmo sem ter condições financeiras, aí já é outra questão, pode ser insegurança, baixa autoestima, enganação, entre outras coisas. E todas essas questões não irão aparecer apenas no dinheiro. Então é só não querer ser iludido, que não seremos, e é só não querer se sabotar, que isso não vai ocorrer.

SERRANOSSA: Como construir um “portfólio afetivo”, ao qual você se refere em seu livro?

Márcia: É como construir um portfólio financeiro: investir parte do dinheiro em renda fixa e parte em renda variável. Não ter todo o dinheiro em um único tipo de investimento, diversificar. Um portfólio afetivo é uma metáfora, significa que não devemos ter apenas uma fonte afetiva. É preciso que tenhamos tempo para nossa família, marido, esposa, filhos, para os pais, irmãos, parentes e, muito importante, amigos. Estudos mostram que pessoas que mantêm ciclo de amigos adoecem muito menos e, quando adoecem, saram mais rápido. Portanto é preciso diversificar também nisso, cuidar da nossa saúde, ter tempo para lazer, fazer coisas boas, fazer nada, sair com amigos, cuidar da família, alimentar com tempo os amigos e ter uma certa tranquilidade financeira para aproveitar tudo isso.

Acabe com as dívidas

Segundo a psicóloga Márcia Tolotti, o endividamento possui duas grandes causas: falta de controle financeiro e motivações psicológicas, ou seja, o endividamento pode ser financeiro ou afetivo. Confiradezdicas da consultora para reverter o endividamento financeiro:

*Saiba qual é a taxa de juros de cada dívida que você tem e se não puder pagar todas, priorize as de juros mais altos;

*Não troque um financiamento por outro, assim você estará estancando juros;

*Evite descontos em folha de pagamento, isso faz você perder o domínio sobre seu salário;

*Não use limite do cheque especial, o dinheiro do limite não é seu, é do banco e custa caro;

*Se for ajudar alguém, faça com o dinheiro do uísque e não do leite, assim não compromete seu sustento;

*Corte todos os cartões de crédito e jamais parcele o pagamento ou saque dinheiro do cartão;

*Faça o controle do orçamento e corte ao máximo todos os gastos mensais, tais como TV a cabo e celular pós-pago;

*Se tiver carro, venda para pagar as dívidas.

Fonte: Livro “O Desafio da Independência Financeira e Afetiva”, de Márcia Tolotti

 
Reportagem: Alexandra Duarte

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