Foi ampliado até o dia 15 de fevereiro o período de inscrição para os interessados na bolsa do Projeto Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo (Pronatec Campo), da Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (Efaserra), instalada em Garibaldi. O curso de aperfeiçoamento é destinado aos alunos matriculados no curso de Técnico Agrícola ou qualquer pessoa que tenha completado o Ensino Fundamental e tem duração de três anos e meio. Os bolsistas terão auxílio no custo de alimentação, estadia e material escolar. As aulas acontecerão nas instalações da Efaserra, junto ao prédio da Faculdade de Integração do Ensino Superior do Cone Sul (Fisul), em Garibaldi. Muitas famílias já estão mobilizadas para inscrever jovens que pretendem seguir a tradição na agricultura, a exemplo de Milan Corbelini, de 20 anos (veja quadro).
Serão dois módulos de ensino: Agricultura Familiar, de 200 horas de duração, e Horticultura Familiar, de 160 horas. Os alunos serão divididos em dois grupos e receberão orientações semanais intercaladas. “Após uma semana de aula presencial, eles voltarão para casa para aplicar os conhecimentos por igual período. Na semana seguinte, quando voltarem para a escola, deverão apresentar um relatório comprovando o desenvolvimento das técnicas”, esclarece o presidente da Efaserra, Jorge Mariani.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza, Inês Faguerazzi, acredita na iniciativa. “A Escola Família Agrícola é um projeto que ajudará a manter os jovens no interior por promover uma maior diversidade e a especialização nas técnicas de cultivo. O agricultor sente no bolso as consequências da desvalorização da uva. Sei que nossa geografia é um tanto complicada, devido aos declives e pedras, mas acredito que a escola conseguirá possibilitar novas perspectivas de cultivo e impulsionar a agroindústria”, detalha.
“É sofrido, mas eu gosto”
O futuro da agricultura é uma preocupação constante das famílias rurais. Na Linha Araripe, em Garibaldi, a família de Selmar Eduardo Corbelini participa ativamente de iniciativas que promovam perspectivas de um futuro em que se possa evoluir qualitativa e economicamente. Assim que concluiu o Ensino Médio, Milan Corbelini, 20 anos, preferiu permanecer no campo a cursar uma universidade. “É sofrido, mas eu gosto de trabalhar na ‘colônia’, por isso optei por ficar em casa e me especializar em alguns cursos técnicos que permitem que eu me atualize e ao mesmo tempo possa continuar a trabalhar na agricultura”, afirma.
A Escola Família Agrícola foi uma ideia abraçada com entusiasmo pelos Corbelini. “Possuímos 40 hectares de terra. Desses, 12 são de parreirais. O Milan é nossa perspectiva de futuro para a tradição familiar. Estamos na quinta geração, meu bisavô trouxe da Itália, na bagagem, as mudas de videiras e laranjeiras que garantiram a sobrevivência e estabilidade da família. Por isso aceitei o convite para fazer parte da comissão da escola. Trata-se do futuro da minha família, da agricultura e da nossa cultura”, opina Selmar.
Milan está ansioso para colocar em prática tudo o que aprender na Efaserra. “O que me desperta mais interesse são as técnicas de cultivo com economia de agrotóxico, o que contribui na diminuição dos custos de produção, na preservação do meio ambiente e, consequentemente, na qualidade de vida”, diz.
Locais de matrícula
Prefeituras de toda a região;
Cooperativa Sicredi;
Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho): (54) 3261 6514;
Escritórios da Emater de toda a região;
Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de toda a região.
Contato
O custo mensal de cada aluno varia conforme o número de inscritos e pode diminuir através de parcerias com entidades que recebem bolsas de estudo do governo federal para distribuição entre os associados e seus dependentes, como prefeituras e cooperativas vinícolas ou de crédito. Por ser um projeto novo, ainda não há um valor de mensalidade definido, já que tanto as famílias quanto a própria direção da Efaserra buscam parceiros. Mais informações sobre a escola podem ser obtidas através do telefone (54) 3435 1117, com Rosane, ou pelo e-mail aefaserra@gmail.com.
Reportagem: Priscila Boeira
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