Esperança: técnica em enfermagem de Bento conta como é ser voluntária da vacina contra a Covid-19

Na semana em que Bento registra superlotação no Hospital Tacchini, aumento do número de infectados e chega a 145 óbitos em decorrência da Covid-19, uma notícia traz esperança e luz neste momento tão difícil: a técnica em enfermagem Idianês Hoffmann Leal, que atua na Unidade de Estratégia da Saúde da Família (ESF) do bairro Zatt, em Bento Gonçalves, vive a experiência de ser voluntária da vacina contra o coronavírus, em busca da imunização.


 

Índia, como gosta de ser chamada, tem 51 anos, e é técnica de enfermagem desde 1989. Casada, mãe de um rapaz de 23 anos, desde o início da pandemia atua na linha de frente do combate ao coronavírus. “Não recusamos em momento algum! Acolhemos, orientamos e fazemos o nosso melhor”, pontua.

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A oportunidade de ser voluntária surgiu ao ver um anúncio no Facebook, no qual a Pontifícia Universidade Católica (PUC) buscava voluntários que fossem da área da saúde e estivessem atuando na linha de frente do combate ao coronavírus. O teste faz parte da fase 3 da pesquisa que envolve aplicação em humanos da CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. 

Mais de 5 mil voluntários se inscreveram, inclusive a profissional de Bento, que teve sua participação confirmada no dia 10 de setembro. “Dois dias depois fui ao primeiro encontro na PUC, em Porto Alegre. Fui muito bem recebida por uma equipe organizada e competente”, conta. “Recebi um termo de consentimento livre e esclarecido. Li, assinei e iniciei a triagem, coleta de exames e testes. Naquele momento tive a certeza de que era isso mesmo que eu queria fazer e de que iria até o fim”, confessa. Nesse mesmo dia, ela foi submetida à primeira dose da vacina.


 

Após a aplicação da primeira dose, Índia recebeu um diário onde teria que anotar todos os seus sinais, sintomas e toda e qualquer intercorrência que viesse a acontecer. Ela também deveria registrar caso tivesse que fazer uso de alguma medicação. No dia 01/10, a voluntária voltou a Porto Alegre, onde recebeu a segunda dose. “Em todas as visitas foram coletados exames e meu diário era avaliado. Em momento algum apresentei efeito adverso”, garante. 

Segundo ela, cada participante recebeu de forma aleatória duas injeções (doses) da vacina ou duas injeções (doses) do placebo com um intervalo de mais ou menos 14 dias. “Nenhum dos participantes sabe o que recebeu, nem as pessoas da equipe de pesquisa que fazem o acompanhamento”, explica. 

Passados três meses da aplicação, Índia garante que se sente muito bem. “Tanto física como emocionalmente, estou bem. Sinto-me feliz em contribuir num processo que será aplicado para o bem-estar da população”. A técnica de enfermagem está otimista com os resultados da vacina. Na quinta-feira (07/01), o Instituto Butantan divulgou que a CoronaVac registrou 78% de eficácia nos testes clínicos feitos no Brasil. A taxa mínima recomendada pela OMS e pela Anvisa é de 50%. Ainda de acordo com o instituto, a vacina garantiu a proteção total (100%) contra mortes, casos graves e internações nos voluntários vacinados que foram contaminados. 
A voluntária espera que a vacina possa ser disponibilizada no país em breve. “Eu vejo com bons olhos e aguardo ansiosa a liberação da vacina. Temos empresas de grande porte que com certeza irão colaborar no armazenamento das doses e em toda logística necessária para que tudo ocorra da melhor forma possível”, acredita.

Em relação ao comportamento das pessoas durante a pandemia, Índia afirma que ainda está longe do almejado. “Mesmo com tantos casos e muitas mortes ainda vemos festas clandestinas e aglomerações sem os cuidados necessários. Quanto aos governantes, é revoltante ouvir notícias de desvios de verbas, vendas de EPIs, uniformes, respiradores superfaturados, mas também temos que parabenizar os que se empenharam para amenizar essa pandemia. Na minha unidade de saúde sempre tivemos e ainda temos ao nosso alcance todo material necessário para o uso diário no enfrentamento da Covid-19”, reconhece. 

Índia destaca ainda que, embora sua categoria seja ainda pouco reconhecida, ela é a “menina dos olhos de qualquer instituição de saúde”. “Somos profissionais da saúde porque escolhemos essa profissão. Precisamos ser cuidados e valorizados para termos condições de cuidar dos outros. Ansiamos por melhores condições de trabalho, aperfeiçoamento e valorização no que diz respeito ao salário”, finaliza.
 

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