Esportivo: a angústia continua

O Esportivo começou e encerrou o Campeonato Gaúcho 2014 com vitória. Entre o primeiro e o 15º jogo, no entanto, acumulou um longo jejum sem vencer, mudou a comissão técnica, dispensou jogadores, contratou e o resultado dessa série de remendos em meio à competição é um final de trimestre com a angústia de esperar pelo tribunal para poder ter a certeza da permanência na primeira divisão. No campo, campanha foi de rebaixado.

O TJD decide na noite desta quinta-feira, dia 20, pedido de recurso do Passo Fundo sobre a perda de oito pontos imposta pela escalação irregular do meia Paulo Josué. O time comandado por Luis Carlos Winck acabou o campeonato com 19 pontos, mas com a subtração na primeira sentença, passou a somar 11 e foi um dos rebaixados. Resta ao Esportivo, portanto, torcer pela manutenção da pena para seguir na primeira divisão, mesmo que moralmente rebaixado, pelo menos até novo julgamento do caso Márcio Chagas.

Nas quatro linhas, a campanha foi insuficiente para seguir na elite. Sem influência do tribunal, o alviazul encerraria o Gauchão em 14º, primeira posição da zona de descenso. O time teve a segunda pior defesa e chegou a ficar sete jogos sem vencer. Nesse meio tempo, decidiu pela demissão do técnico Emerson Ávila para a vinda de Flávio Campos. A troca, no entanto, provocou não mais do que uma ínfima melhora. Enquanto Ávila se despediu com aproveitamento de 33,3%, Campos somou 37,4%, com cinco derrotas, três vitórias e um empate. As primeiras convicções sobre o elenco também foram gradativamente desfeitas. Do time que estreou no campeonato, contra o Pelotas, apenas quatro jogadores começaram o duelo da última rodada, diante do São José.

O presidente, Luis Oselame, não poupa autocrítica na avaliação da campanha. “É óbvio que não foi boa, foi péssima. Podemos ter errado em vários momentos, em não conseguir mais dinheiro para montar um time melhor, e isso talvez não seja um erro, e sim uma dificuldade ou até certo descaso local com o clube, mas não vamos usar isso como desculpa. Talvez o Esportivo errou na hora de trazer um treinador que veio com uma filosofia legal de futebol, a gente gosta de futebol bem jogado, mas ele demorou muito a entrar de corpo e alma no Gauchão, entende? E trouxemos, talvez, muitos jogadores de fora, que também não conheciam a característica do clube. Até acertarmos isso, tivemos que dar uma volta e tanto, e aí perdemos muito tempo”, avalia, enfatizando que a partir de agora todas as falhas cometidas devem ser absorvidas como forma de aprendizado. “Não podemos mais errar no perfil que a gente quer. Jogadores fortes, altos, velozes, com características e particularidades que se assemelhem às do Gauchão, caso contrário, não vai dar certo. A gente aprendeu isso à paulada. Se for o caso de cair por nossa culpa, ok. Se for o caso de nos salvarmos, aprendemos a lição e não podemos mais repetir esse erro”, frisa.

Contrapartida

Fora das quatro linhas, em contrapartida, a temporada foi positiva. Se por um lado as parcerias não agregaram o bastante à equipe, por outro asseguraram um campeonato com os salários rigorosamente em dia e um déficit significativamente inferior ao acumulado em 2013, o que deve viabilizar a continuidade do futebol no segundo semestre. O orçamento da equipe foi de R$ 180 mil, segundo Oselame, o mais baixo da competição. A dívida ao final do campeonato beirou os R$ 100 mil, bastante inferior ao cenário do último ano, quando o Esportivo deixou o Gauchão com déficit aproximado de R$ 500 mil. “Apesar desses problemas com contratação de advogado e perda de mando de campo, que geraram custos e inviabilizaram a renda, o prejuízo talvez não chegue nem a R$ 90 mil ou R$ 100 mil, o que é totalmente recuperável. Em dois ou três meses isso estará resolvido. Não podemos nem dizer que é uma divida se comparado com o que a gente já encarou”, conta.

Em caso de insucesso do Passo Fundo no pedido de recurso, caberá aos advogados do Esportivo entrar em ação para tentar compensar a inépcia do futebol apresentado. Caso consigam evitar a queda no Pleno do TJD em novo julgamento sobre o caso Márcio Chagas, ainda sem data definida, a angústia pode dar lugar a um futuro otimista e de boas perspectivas. Se serve de consolo, o Gauchão 2014 amadureceu as ideias da direção e, sobretudo, disciplinou o clube financeiramente. A campanha foi frustrante, mas o Esportivo pode iniciar o segundo semestre sem dívidas e, depois de muitos anos, em atividade.

 

Reportagem: João Paulo Mileski

 

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