Espumante o ano todo
Associada tradicionalmente à alegria de momentos festivos, o espumante vem perdendo a sazonalidade de consumo – antes concentrada especialmente no Natal e no Réveillon – e conquista o paladar dos brasileiros no dia a dia, em momentos menos formais. Segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a comercialização dos espumantes produzidos em solo gaúcho vem crescendo anualmente. Em 2013 foram 15,8 milhões de litros – 187% a mais do que em 2004.
A popularização do consumo dos espumantes nacionais é impulsionada pelas premiações em concursos importantes e boas avaliações de críticos de renome internacional. Os rótulos verde-amarelos foram posicionados, por exemplo, como os melhores do Hemisfério Sul pelo inglês Steven Spurrier durante evento ocorrido no mês de abril em São Paulo. “Aos poucos, o consumidor está entendendo que espumante não é só para comemoração. É uma bebida para todos os dias. O espumante brasileiro, hoje, é bastante versátil e fácil de consumir. Independente do nível, a qualidade é sempre boa”, elogia o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Dirceu Scottá.
Existem opções para todos os gostos, desde os moscatéis, mais leves e agradáveis, bons para toda a hora e que abocanham boa parte do mercado, até os espumantes mais estruturados e elegantes, reservados para momentos especiais. Além da versatilidade e qualidade, o preço das bebidas nacionais é bastante competitivo. Na avaliação de Scottá, os espumantes locais ganharam a preferência dos brasileiros pela uniformização da qualidade em todos os produtos, o que ainda não aconteceu com os vinhos. Apesar disso, a expectativa do setor é que os vinhos peguem carona nessa popularização. Outros países vitivinícolas já passaram pelo mesmo caminho, como é o caso da Argentina e do Chile, onde a fama do Malbec e do Carménère, respectivamente, se estendeu aos demais rótulos.
Para muitos especialistas, a verdadeira vocação brasileira é elaborar espumantes. É nisso que acredita a Cave Geisse, que encontrou em Pinto Bandeira as características consideradas ideais para elaboração da bebida: boa altitude, solo com excelente drenagem, boa amplitude térmica e posição solar ideal. A vinícola trabalha com o conceito de terroir e toda sua produção é reservada, tendo restaurantes de todo o país como principais clientes. Para o diretor da vinícola, Daniel Geisse, a diluição do consumo ao longo do ano é uma tendência, à medida que o consumidor descobre o apelo altamente gastronômico da bebida.
Além de estar presente no dia a dia e substituir o vinho em restaurantes, em festas de casamento, por exemplo, o espumante deixou de estar restrito apenas ao brinde e já faz parte de todo os jantar. “O espumante é a bebida mais gastronômica de todas. Ele pode acompanhar uma refeição do começo ao fim sem erro, pois harmoniza com todos os pratos”, comenta. Apesar disso, Geisse ainda considera o consumo per capta baixo, pelo potencial de mercado que a bebida tem. “Os espumantes brasileiros têm um custo-benefício muito bom”, complementa.
Setor projeta crescimento de 10% nas vendas
O final de ano representa um período importante nas vendas de vinhos e espumantes para consumo nas festas e também como presentes. A perspectiva do setor vitivinícola é de que o total de vendas de espumantes no último quadrimestre deste ano seja 10% maior do que o registrado no mesmo período de 2013. Se o volume projetado for atingido, devem ser comercializados mais de 11 milhões litros da bebida.
Muitas vinícolas trabalham com kits diferenciados nesta época, pensando não apenas no consumo da bebida em si, mas também em opções para presentes. Especialmente na região Sul, os espumantes são praticamente um item fixo nas cestas de fim de ano, incluindo ambientes corporativos. Na Cooperativa Vinícola Aurora, o último quadrimestre é responsável por 40% das vendas da empresa para todos os segmentos em que a companhia atua. Dentre os espumantes produzidos pela vinícola, o mais vendido é o brut, seguido pelos moscatéis e demi sec. “O espumante brasileiro tem um alto padrão de qualidade, reconhecido por especialistas do mundo inteiro, e o consumidor, cada vez mais, aceita e reconhece esta qualidade”, pontua a gerente de marketing da Aurora, Lourdes Conci da Silva.
A popularização dos rótulos nacionais está refletida nas projeções de vendas da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). Das 4,8 milhões de garradas de espumante que os supermercados gaúchos esperam comercializar, 95% delas são produzidas no Brasil. A expectativa da é de um crescimento de 6,2% em comparação a 2013. Os preços ficaram em média 4,2% mais caros.
Saiba mais
Só pode ser chamado de champagne a bebida proveniente da região francesa que leva esse nome, localizada perto de Paris. Ou seja, espumante feito em outra parte da França não é champagne, é espumante, palavra que designa o estilo da bebida gasosa feita através de segunda fermentação em todo o mundo. Existem dois métodos para fazer o espumante: método champenoise, feito como se faz na região de champagne, quando a segunda fermentação acontece na própria garrafa, ou método charmat, quando as bolhas são formadas em grandes autoclaves de inox e só então engarrafadas.
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