“Estamos preparados para iniciar a imunização da população de Bento”, afirma nova secretária de Saúde

Um grande desafio foi entregue a Tatiane Misturini Fiorio, a nova secretária de Saúde de Bento Gonçalves, já nos primeiros dias à frente da pasta: trabalhar na redução dos casos da Covid-19, preparar a cidade para o início da vacinação e, ainda, atender aos anseios da população quanto ao melhor atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a conclusão do Complexo Hospitalar Municipal. E ela está preparada. Tatiane é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), atuou por 10 anos na área farmacêutica e laboratorial, ao longo de 9 anos na Secretaria de Saúde de Caxias do Sul e nos  últimos três anos esteve no comando da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, vinculada  ao Estado.

Em entrevista ao SERRANOSSA, ela detalhou os passos que estão sendo dados para os desafios de hoje e do futuro. Confira.

JORNAL SERRANOSSA – Como sua equipe encontrou a secretaria municipal de Saúde de Bento e quais foram as primeiras mudanças implementadas?
Tatiane Misturini Fiorio
– Já vinha acompanhando o trabalho desenvolvido pela secretaria de Saúde, junto à Coordenadoria, e percebia a evolução dos trabalhos. Neste primeiro momento, que estamos no enfrentamento de uma pandemia, já foram feitas algumas mudanças administrativas e uma reorganização pessoal para este enfrentamento. Estou me apropriando de todo o quadro funcional, de toda a organização, o que foi represado nestes últimos meses, o que foi dado andamento. Enfim, ainda estamos fazendo um diagnóstico. Neste momento, nossas atenções estão voltadas à pandemia, mas claro que já procuramos pensar e nos organizar para a retomada, em breve, de todas as atividades.

 

SN – Sabemos que estamos com um número alto de infectados pelo coronavírus. Como o município pretende enfrentar essa situação? 
Tatiane –
A gente vem fazendo um acompanhamento diário, como é feito desde o início da pandemia, e, sim, tivemos uma elevação no número de casos ativos. Nós tínhamos uma preocupação no reflexo do número de ativos nas internações hospitalares nestes primeiros dias de janeiro e até o momento não tivemos um agravamento. Em novembro e dezembro tivemos momentos críticos, mas hoje estamos conseguindo manter certa estabilidade. Tivemos até uma pequena redução na taxa de internação, mas seguimos atentos e monitorando diariamente e constantemente a evolução.

 

SN – E quanto à vacina? De que modo o município tem se preparado e como estão as negociações?
Tatiane –
As informações que a gente tem são aquelas divulgadas pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Estado. Não temos ainda uma definição de datas, mas as informações que foram repassadas é que dentro dos próximos dias será dada uma autorização de uso emergencial e, a partir disso, o Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Imunizações, vai fazer a dispensação para os Estados. Eu tenho estado em contato com a secretaria de Saúde do Estado para obter as últimas atualizações. Já estamos fazendo reuniões para organizar toda a logística para vacinação, para estarmos preparados no momento do start e imediatamente fazer a imunização da população.

 

SN – Qual será a logística para a vacinação? Quem serão os primeiros vacinados?
Tatiane –
O que a gente tem de informações do Ministério da Saúde é que os grupos prioritários serão os idosos internados em asilos e os profissionais de saúde. Mas existe ainda uma discussão para saber se são todos os profissionais da rede de saúde que serão vacinados, ou só os que atuam na ponta. Ainda não temos essas informações claras. Numa segunda etapa, seriam as pessoas com comorbidades, no entanto, o Ministério ainda está definindo quais são estas comorbidades, quais são os pacientes que serão enquadrados. Não tem nada oficializado e aguardamos que seja feita uma orientação e uma formalização em relação aos grupos.  Quanto à questão logística tudo vai depender do grupo prioritário que será elencado. Por isso vamos preparar o município para todas as possibilidades e já estamos organizando planos A, B e C, porque a partir da liberação da vacina, vai ser um processo muito rápido. Mas quando tudo começar, estaremos preparados para iniciar a imunização da população de Bento.

 

SN – Sabemos que as cirurgias eletivas estão bem atrasadas e muitas foram canceladas ou reagendadas por conta da Covid-19. Existe uma força-tarefa para atender essa população que precisa?
Tatiane –
Sim, algumas especialidades foram fortemente represadas. A gente teve uma determinação do Ministério da Saúde no ano passado da não obrigatoriedade das instituições executarem o que estava contratado, de prestação de serviços, sem prejuízos às remunerações. Então, houve um prazo de quatro meses de represamento. Algumas instituições que são referência para Bento já sinalizaram que farão uma recuperação destes quantitativos. Não é uma obrigatoriedade das instituições, fica a cargo de uma negociação. Temos essa dificuldade que nós vamos enfrentar e que, passado este momento crítico de pandemia, vai ser um novo desafio: refazer essa retomada dos procedimentos, da recuperação. Estamos cientes de que em algumas especializações já existe uma demora bastante grande e nós temos acompanhado isso. Por isso, estamos pensando e organizando o pós-pandemia, para dar essa resposta e entrega à população que tanto precisa. 

 

SN – Quanto ao Complexo Hospitalar Municipal, como a secretaria pretende atuar para que finalmente essa demanda tão importante da cidade seja concluída?
Tatiane –
Neste primeiro momento estamos trabalhando com os 40 leitos que foram concluídos e que estão atendendo os pacientes que acessam a UPA. Nós estamos em contato com o Ipurb e com a 5ª Coordenadoria de Saúde do Estado para fazer a regularização documental desta estrutura para que possamos pensar em habilitações, algumas especificidades destes leitos e buscarmos financiamento junto ao Governo Federal e Estadual para ajudar no custeio desta estrutura já existente. A conclusão do Complexo é um planejamento e uma determinação do Governo, o prefeito Diogo está muito comprometido com isso e tem toda uma atenção especial. Na semana passada, já foi assinada à licitação da segunda etapa, que é a do bloco cirúrgico. A previsão de conclusão dessa etapa é dentro de 240 dias. Estamos focados e buscando incansavelmente a entrega e, o mais breve possível, colocar todo o complexo em funcionamento, pois sabemos que é de extrema importância para atender aqueles que mais precisam.


Foto: Rodrigo Parisotto

 

SN – Como tem se sentido nestes primeiros dias na cidade? 
Tatiane –
Eu moro em Caxias do Sul. Quando fui convidada pelo Diogo e aceitei os desafios de todo o plano municipal da Saúde, eu deixei claro que neste momento eu não conseguiria morar em Bento. Em Caxias, meu marido tem uma empresa, os filhos estão na escola, etc. Penso que, depois que passar esse período de pandemia, possamos fazer essa transferência de município e eu fixar residência aqui. Já conhecia a cidade, já trabalhava com a secretaria, já tinha contato com o prefeito Pasin e com o Diogo e também com profissionais do hospital. Fui muito bem recebida e encontrei uma equipe muito boa na secretaria, aberta às mudanças. Estou muito feliz da maneira que tenho encontrado as situações.

 

SN – Que mensagem a secretária deixa à população neste momento de pandemia?
Tatiane –
É importante reforçar os protocolos e as medidas de segurança neste momento. A gente está a poucos dias de começar a imunização da população. Temos falado incansavelmente sobre os protocolos de segurança, que neste momento são imprescindíveis. Mantenham o distanciamento, utilizem máscaras, álcool gel, mantenham os ambientes ventilados. Outra orientação é que a população procure atendimento médico aos primeiros sintomas gripais. Já observamos que quando as pessoas procuram o atendimento rápido, o índice de recuperação e cura é muito maior. Desta maneira vamos passar por este momento com mais tranquilidade.